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Monólogo
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Monologo
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Adivinho teu corpo dentro
da noite. Soltos os cabelos cor de areia fina, delidos os contornos no linho do lençol. Dormes tranquilamente. Tudo em mim é presença tua. E, enquanto dormes, algo de mim habita e persiste em ti. Tu dormes e eu espreito teu sono. Algo de fluido nos liga e envolve. Vejo-te lucilar na noite, teus longos inteiriçados membros fremindo. Momento breve que perdura. Depois acordas cinzenta, banhada em pranto, oferecendo o perfil suave ao beijo morno de um céu onde a aurora se demora. |
Percepisco il tuo corpo dentro
la notte. Sciolti i capelli color sabbia fine, dissolti i contorni sul lino del lenzuolo. Tu dormi tranquillamente. Tutto in me è presenza tua. E, mentre tu dormi, un po’ di me abita e permane in te. Tu dormi e io sorveglio il tuo sonno. Qualcosa di fluido ci lega e ci avvolge. Ti vedo luccicare nella notte, le tue lunghe membra nervose fremono. Breve momento che perdura. Dopo ti risvegli pallida, bagnata di pianto, offrendo il dolce profilo al tiepido bacio d’un cielo ove l’aurora s’attarda. |
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Pablo Picasso Nudo dormiente (1954) |
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