A lenda


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A lenda
La leggenda


Há muitos, muitos anos já – tantos
que o real mal esboçava o corpo
do que viria a ser fantasia e lenda
e o homem era um bicho inocente
e natural pois nem sequer inventara
ainda mistérios para depois da morte,
lugares recônditos para o amor
e coisas como o pecado, o crime ou a guerra
– aconteceu, certa feita, terem acordado
as gentes de terra firme, para um estranho
facto: a neblina era pesada e densa
e não se via mais a ilha. Aflitos,
os homens gritaram: “Desapareceu
a ilha, desapareceu a ilha!”
Parecia terem-na tragado as águas,
era só um mar de chumbo e perder
de vista, um pasmo silencioso sem
o claro rumor de gaivotas e velas brancas
na baía. Quando voltou a surgir,
raiava o sol e a ilha estava no céu,
reclinada entre nuvens e azul,
o insuportável diamante iridescente
de que ainda hoje guarda o resplendor.
Tanti, tanti anni fa – ma così tanti
che la realtà stava appena abbozzando il corpo
di quel che diventerà fantasia e leggenda,
e l’uomo era un animale innocente
e puro poiché non aveva ancora neppure
inventato dei misteri per dopo la morte,
dei luoghi appartati per l’amore
e delle cose come il peccato, il crimine o la guerra
– un bel giorno accadde che gli abitanti
della terraferma si svegliarono al cospetto d'uno strano fatto: la foschia era spessa e densa
e l’isola non si vedeva più. Angosciati,
gli uomini gridarono: “L’isola
è sparita, l’isola è sparita!”
Pareva che le acque l’avessero inghiottita,
Non c’era che un mare di piombo a perdita
d’occhio, un muto sconcerto senza
l’acuto grido di gabbiani né vele bianche
nella baia. Quando riapparve,
il sole brillava e l’isola stava in cielo,
distesa tra le nuvole e il blu,
l'insostenibile diamante iridescente
di cui tuttora serba lo splendore.
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Mario Logli
Isola volante (1980)
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