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Cima


subo até o ponto
mais alto do vale
onde a grama e o capim
sabem a ouro
porque o sol oblíquo
deita sobre eles
um lençol de luz
 
como se é grande
quando se sobe ao ponto
mais alto do vale
 
as coisas à vista
os maiores problemas
viram miniaturas
 
tenho por companhia
um cachorro
um caderno
uma caneta tinteiro
uma câmera fotográfica
 
o cachorro é dócil
e selvagem
 
escava o chão
com as patas traseiras
come ervas brutas
que depois expele
em sucessivas golfadas
 
por que sofrer assim?
 
na metrópole
alguém me ama
pensa em mim
enquanto penso nela
e escrevo
sem parar
 
ano passado
um incêndio
devastou o verde
dessa paisagem
 
mas a natureza
que há na terra
é teimosa
sabe se reinventar
 
nuvens brancas
por trás de árvores secas chamuscadas
navegam
tangidas pelo vento
 
estou sentado
sobre um resto
de banco de madeira
que a intempérie e o fogo
destruíram
 
trago a ruína no estômago
como o cachorro e suas ervas
 
estou sentado
sobre um banco de areia
de quarenta metros de profundidade
outrora praia de mar
que a força tectônica
ergueu comigo
ao ponto mais alto do vale
 
além de meus pertences
trago um chapéu de palha
sobre a cabeça
um amor no imo
e um silêncio de brisa
que me atravessa
como uma canção
 
o cachorro descansa em minha sombra
 
cachorro sombra sol silêncio abelhas
minha alma pastando
salgo fino al punto
più alto della valle
dove il pascolo e l’erba
sanno d’oro
perché il sole obliquo
vi stende sopra
un lenzuolo di luce
 
quanto si è grandi
quando si sale al punto
più alto della valle
 
le cose in vista
i problemi più gravi
diventano miniature
 
mi fanno compagnia
un cane
un quaderno
una stilografica
una macchina fotografica
 
il cane è docile
e selvaggio
 
scava il terreno
con le zampe di dietro
mangia erbacce
che poi espelle
in successivi conati
 
perché soffrire così?
 
nella metropoli
qualcuno mi ama
pensa a me
mentre io penso a lei
e scrivo
senza sosta
 
l’anno scorso
un incendio
ha devastato il verde
di questo paesaggio
 
ma la natura
che c’è sulla terra
è caparbia
sa reinventarsi
 
nuvole bianche
dietro alberi secchi inariditi
navigano
sospinte dal vento
 
sono seduto
su quel che resta
d’una panchina di legno
che le intemperie e il fuoco
hanno distrutto
 
porto il peso della rovina sullo stomaco
come fa il cane con le sue erbe
 
sono seduto
sopra un banco di sabbia
di quaranta metri d’altitudine
un tempo spiaggia di mare
che la forza tettonica
ha elevato con me
al punto più alto della valle
 
oltre agli altri miei beni
porto un cappello di paglia
sulla testa
un amore dentro di me
e un silenzio di brezza
che mi attraversa
come una canzone
 
il cane riposa alla mia ombra
 
cane ombra sole silenzio api
la mia anima si pasce
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Henri de Toulouse-Lautrec
Cagnolino (1888)
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