O Pródigo


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O Pródigo
Il Prodigo


Como nunca ninguém chegava àquele país, o primeiro estranho que se enganou foi tomado pelo filho pródigo, o ungido que viria ressuscitar a terra e as pedras – todos os míticos regressos e vindas se abateram sobre ele, o pródigo, quase lhe rebentaram as veias.
Siccome mai nessuno arrivava in quel paese, il primo straniero che vi giunse per sbaglio fu preso per il figliol prodigo, l’unto venuto a resuscitare la terra e le pietre – tutti i mitici ritorni e gli arrivi s’abbatterono su di lui, sul prodigo, quasi gli spappolarono le vene.
O pobre forasteiro tentou desenganar os desesperados, mas aquela gente só pedia para ser cegada, o seu desespero saturava o ar, era uma espécie de pestilência que o enleava, seduzia, cercava, submergia.
Il povero forestiero tentò di dissuadere i disperati, ma quella gente non chiedeva che d’essere accecata, la loro disperazione saturava l’aria, era una specie di pestilenza che lo turbava, lo seduceva, lo avvolgeva, lo sommergeva.
Ainda assim, como recalcitrasse, foi encarcerado e torturaram-no até que aceitasse ser o pródigo.
Ciò nonostante, siccome era recalcitrante, fu incarcerato e lo torturarono affinché accettasse d’essere il prodigo.
Nos desertos da fome e da sede, uma visão desceu sobre ele e investiu-o da ciência dos profetas.
Nella desolazione della fame e della sete, una visione scese su di lui e lo investì della scienza dei profeti.
Uns dias depois, aceitou ser o senhor absoluto daquele país. Durante cem dias, celebrou-se o regresso.
Qualche giorno dopo, accettò d’essere il signore assoluto di quel paese. Per cento giorni, si festeggiò il ritorno.
Em seguida, sentaram-se todos, à espera dos milagres, mas a terra continuou a fazer ouvidos de pedra.
In seguito, tutti si misero a sedere, in attesa dei miracoli, ma la terra continuò a fare orecchie di mercante.
As mães traziam ao novo amo as filhas, para que as engravidasse, mas persistia nos ventres o mesmo vazio, a mesma secura.
Le madri conducevano al nuovo signore le figlie, perché le ingravidasse, ma nei ventri persisteva lo stesso vuoto, la stessa aridità.
Começaram os murmúrios, os boatos que se foram convertendo em certezas a cada nova boca. Gritou-se «traição» e a traição fez-se.
Si cominciò a mormorare, le dicerie si tramutarono di bocca in bocca in certezze. Si gridò «tradimento» e tradimento fu.
O povo marchou sobre o pródigo, lapidou-o, espe-zinhou-o e desmembrou-o.
Il popolo marciò contro il prodigo, lo lapidò, lo calpestò e lo smembrò.
Depois, como já tantas vezes acontecera, sentou-se, de novo à espera dele.
Poi, com’era già successo tante volte, si sedette di nuovo ad aspettarlo.
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Il Guercino
Il ritorno del figliol prodigo (1619)
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