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Depois (Auschwitz)
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Dopo (Auschwitz)
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Primeiro, o verbo tem de ser
O arame farpado, o comboio
Que estaca no inferno sem círculos,
As portas dos vagões que se abrem,
Os gritos, os olhos que não têm tempo
De se habituar ao trânsito
Entre uma e outra treva.
Depois, o verbo tem de ser
Prisioneiro dentro desse arame farpado,
Sob a vigilância das torres,
Tem de ostentar hematomas,
Os mal contidos ossos como insígnias
A comunhão esquálida
De um mesmo rosto.
O verbo tem de se acautelar
Para não o comerem,
Tem de se deixar abraçar
Por alguém que o confundiu
Com outro alguém, amado ou conhecido,
Que não jaz, mas se dispersou
Em fumo e cinza;
Tem de respirar a fraterna pestilência,
Trabalhar até à exaustão,
Perder os dentes todos ou não chegar nunca
A ter dentes do siso.
Tem de conseguir ser esse fumo e cinza,
O verbo tem de ter bebido o fel
Da sua própria impotência,
De ter sido reduzido
A um número tatuado na pele
Para, de novo, atravessar o arame farpado,
Tocar a terra
E conseguir que acreditem nele.
O verbo tem de aprender como nunca se esquece,
A boca rebentada pela febre,
O corpo ceifado por tifo, disenteria,
A alma ceifada, mas não destruída
E, depois, sim, destruída.
O arame farpado, o comboio
Que estaca no inferno sem círculos,
As portas dos vagões que se abrem,
Os gritos, os olhos que não têm tempo
De se habituar ao trânsito
Entre uma e outra treva.
Depois, o verbo tem de ser
Prisioneiro dentro desse arame farpado,
Sob a vigilância das torres,
Tem de ostentar hematomas,
Os mal contidos ossos como insígnias
A comunhão esquálida
De um mesmo rosto.
O verbo tem de se acautelar
Para não o comerem,
Tem de se deixar abraçar
Por alguém que o confundiu
Com outro alguém, amado ou conhecido,
Que não jaz, mas se dispersou
Em fumo e cinza;
Tem de respirar a fraterna pestilência,
Trabalhar até à exaustão,
Perder os dentes todos ou não chegar nunca
A ter dentes do siso.
Tem de conseguir ser esse fumo e cinza,
O verbo tem de ter bebido o fel
Da sua própria impotência,
De ter sido reduzido
A um número tatuado na pele
Para, de novo, atravessar o arame farpado,
Tocar a terra
E conseguir que acreditem nele.
O verbo tem de aprender como nunca se esquece,
A boca rebentada pela febre,
O corpo ceifado por tifo, disenteria,
A alma ceifada, mas não destruída
E, depois, sim, destruída.
In primis, il verbo dev’essere
Il filo spinato, il treno
Che ferma all’inferno senza gironi,
Le porte dei vagoni che si aprono,
Le grida, gli occhi che non fanno in tempo
Ad abituarsi al passaggio
Dall’una all’altra tenebra.
Poi, il verbo dev’essere
Prigioniero entro questo filo spinato,
Sotto la sorveglianza delle torri,
Si devono ostentare ematomi,
Le ossa sporgenti come distintivi
Della squallida confraternita
Con uno stesso volto.
Il verbo deve premunirsi
Per non essere divorato
Deve lasciarsi abbracciare
Da qualcuno che l’ha scambiato
Per qualcun altro, amato o conosciuto,
Che non giace, ma s’è volatilizzato
In fumo e cenere;
Deve respirare la fraterna pestilenza,
Lavorare fino allo sfinimento,
Perdere tutti i denti o non arrivare mai
Ad avere i denti del giudizio.
Deve riuscire ad essere quel fumo e quella cenere,
Il verbo deve aver bevuto il fiele
Della sua stessa impotenza,
Dell’esser stato ridotto
A un numero tatuato sulla pelle
Per attraversare, di nuovo, il filo spinato,
Toccare la terra
E riuscire a far sì che gli credano.
Il verbo deve imparare a non scordare mai,
La bocca devastata dalla febbre,
Il corpo falciato da tifo, dissenteria,
L’anima falciata, ma non distrutta
E, poi, sì, distrutta.
Il filo spinato, il treno
Che ferma all’inferno senza gironi,
Le porte dei vagoni che si aprono,
Le grida, gli occhi che non fanno in tempo
Ad abituarsi al passaggio
Dall’una all’altra tenebra.
Poi, il verbo dev’essere
Prigioniero entro questo filo spinato,
Sotto la sorveglianza delle torri,
Si devono ostentare ematomi,
Le ossa sporgenti come distintivi
Della squallida confraternita
Con uno stesso volto.
Il verbo deve premunirsi
Per non essere divorato
Deve lasciarsi abbracciare
Da qualcuno che l’ha scambiato
Per qualcun altro, amato o conosciuto,
Che non giace, ma s’è volatilizzato
In fumo e cenere;
Deve respirare la fraterna pestilenza,
Lavorare fino allo sfinimento,
Perdere tutti i denti o non arrivare mai
Ad avere i denti del giudizio.
Deve riuscire ad essere quel fumo e quella cenere,
Il verbo deve aver bevuto il fiele
Della sua stessa impotenza,
Dell’esser stato ridotto
A un numero tatuato sulla pelle
Per attraversare, di nuovo, il filo spinato,
Toccare la terra
E riuscire a far sì che gli credano.
Il verbo deve imparare a non scordare mai,
La bocca devastata dalla febbre,
Il corpo falciato da tifo, dissenteria,
L’anima falciata, ma non distrutta
E, poi, sì, distrutta.
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Anselm Kiefer Eisen-Steig (Strada ferrata) (1986) |
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