Somos todos poetas


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Somos todos poetas
Siamo tutti poeti


Assisto em mim a um desdobrar de planos.
As mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia
[do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
Osservo in me un dispiegarsi di piani.
Vedono le mani, sentono gli occhi, il cervello si muove,
La luce s’irradia dalle origini attraversando i tempi
E ormai già prosegue
Davanti ai miei discendenti.
Compagno,
Io sono te, membro del tuo corpo e concime dell’anima tua.
Io sono tutti e sono uno,
Sono responsabile della lebbra del lebbroso e dell’orbita
[vuota del cieco,
Delle grida isolate che non fan parte del coro.
Sono responsabile delle aurore che non sorgono
E dell’angoscia che cresce ogni giorno di più.
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Ismael Nery
Retrato de Murilo Mendes (1922)

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