«Lundi, Rue Christine»


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 87 / Sommario (88) / 90 »»
________________


«Lundi, Rue Christine»
«Lunedì, Rue Christine»


A madrugada começa assim, embrutecida:
Caixas registadoras nas locas de comércio,
A lenta supuração automóvel,
Uma ressaca de pessoas.
Segunda-feira, rue Christine:
Está prestes a rebentar mais uma guerra,
Ainda sem nome e sem motivo.
Por enquanto, prosseguem as operações de limpeza,
Restam apenas algumas bolsas de resistência,
Em breve o instinto pacifista se renderá.
Segunda-feira, sento-me num café da rue Christine –
Há mais uma greve, os relógios não param
De dar horas cada vez mais curtas,
De pesar almas, o meu desejo está cansado,
Também ele em breve se renderá.
Sento-me no canto de um café,
No canto de uma segunda-feira,
Porque uma dor súbita e inútil
Me interpela pelo meu nome,
Nervo inflamado, cabo eléctrico descarnado.
Foi assim que partiste, a meio do meu nome,
Com o meu nome partido ao meio,
De que só me ficou o oco
E é de dentro dele que uma voz escura se derrama,
Incrédula e com medo, incrédula e com medo.
À volta, tudo continua, a grande montra do mundo,
O comércio de vivos e mortos,
A respirar dióxidos e monóxidos
Da ilusão de que a vida continua.

L’alba comincia così, abbrutita:
Registratori di cassa negli esercizi commerciali,
La lenta automobile suppurazione,
Flusso e riflusso di persone.
Lunedì, rue Christine:
È sul punto di far scoppiare un’altra guerra,
Ancora senza nome e senza motivo.
Frattanto, proseguono le operazioni di pulizia,
Resta soltanto qualche sacca di resistenza,
In breve l’istinto pacifista capitolerà.
Lunedì, mi siedo in un caffè di rue Christine –
C’è un altro sciopero, gli orologi non smettono
Di segnare ore sempre più corte,
Di vessare anime, è sfinito il mio desiderio,
Anche lui tra breve capitolerà.
Mi siedo nell’angolo d’un caffè,
Nell’angolo di un lunedì,
Perché un dolore improvviso e inutile
M’interpella col mio nome,
Nervo infiammato, cavo elettrico scoperto.
Fu così che te ne andasti, a metà del mio nome,
Col mio nome spezzato a metà,
Di cui a me non rimase che il vuoto
Ed è dal suo interno che sgorga una voce cupa,
Incredula e spaurita, incredula e spaurita.
Intorno, tutto continua, la grande vetrina del mondo,
Il commercio di vivi e di morti,
A respirare i diossidi e monossidi
Dell’illusione che la vita continui.

________________

Caoimhghin Ó Croidheáin
Caos climatico e inquinamento (Aria) (2013)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (22) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (4) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)