Como um touro, a música investe...


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Como um touro, a música investe...
Come un toro, la musica s’avventa...


Como um touro, a música investe
Contra os corpos e arrebata-os.
Sobre o palco, espirais brancas
Transmutam em gesto a música.
E nos nossos sentidos tensos, envoltos
Na penumbra que nem respira,
Comovida, temendo quebrar
O encanto da música que a cerca
E a aprofunda;
Em nós, nos sentidos tensos,
Também tornados palco,
Vemos a música dançando,
A própria música, felina,
A música que é febre sobre a memória,
A memória esse cristalizado
Movimento perpétuo,
Encontra a música inefável
Que agora habita a matéria.
Assim entra a música em nós,
Só aí pode emudecer
E nunca na crepuscular exaustão do som.
A música canta em nós,
Ainda que muda, domando, alcandorada,
Os ritmos do silêncio,
Vive, muda,
Encontra o cisne que canta para morrer,
Para que nada da ave,
Da música da ave
Fique prisioneira do corpo,
E a outros se conceda.

Come un toro, la musica s’avventa
Contro i corpi e li travolge.
Sul palco, bianche spirali
Trasformano in gesto la musica.
E i nostri sensi tesi, avvolti
In una penombra col fiato sospeso,
Emozionata, nel timore di rompere
L’incanto della musica che la circonda
E l’intensifica;
Dentro di noi, nei sensi tesi,
Fattisi anch’essi palco,
Vediamo la musica danzare,
La musica stessa, felina,
La musica che è febbre per la memoria,
La memoria questo cristallizzato
Movimento perpetuo,
Incontra la musica ineffabile
Che ora abita la materia.
Così entra la musica in noi,
Solo lì può farsi muta
E mai nel crepuscolare esaurimento del suono.
La musica canta in noi,
Anche se muta, dominando, sublime,
I ritmi del silenzio,
Vive, muta,
Incontra il cigno che canta per morire,
Affinché nulla dell’uccello,
Della musica dell’uccello
Resti prigioniera del corpo,
E ad altri si conceda.

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Nicolas de Staël
L'orchestra (1953)
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