No Reino do Pacheco


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Alexandre O'Neill »»
 
Poemas com endereço (1962) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


No Reino do Pacheco
Nel Regno di Pacheco


Às duas por três nascemos,
às duas por três morremos,
E a vida? Não a vivemos.

Querer viver (deixai-me rir!)
seria muito exigir…
Vida mental? Com certeza!
Vida por detrás da testa
será tudo o que nos resta?
Uma ideia é uma ideia
— e até parece nossa! —
mas quem viu uma andorinha
a puxar uma carroça?

Se à ideia não se der
o braço que ela pedir,
a ideia, por melhor
que ela seja ou queira ser,
não será mais que bolor,
pão abstracto ou mulher
sem amor!

Às duas por três nascemos,
às duas por três morremos.
E a vida? Não a vivemos.

Neste reino de Pacheco
— do que era todo testa,
do que já nada dizia,
e só sorria, sorria,
do que nunca disse nada
a não ser prá galeria,
que também não o ouvia,
do que, por detrás da testa,
tinha a testa luzidia,
neste Reino de Pacheco,
ó meus senhores que nos resta
senão ir aos maus costumes,
às redundâncias, bem-pensâncias,
com alfinetes e lumes,
fazer rebentar a besta,
pô-la de pernas pró ar?

Por isso, aqui, acolá
tudo pode acontecer,
que as ideias saem fora
da testa de cada qual
para que a vida não seja
só mentira, só mental…

Dal due al tre nasciamo,
Dal due al tre moriamo,
E la vita? Non la viviamo.

Voler vivere (non fatemi ridere!)
sarebbe troppo esigere…
Vita mentale? Eccome!
Vita che sia solo in testa
sarà tutto quel che ci resta?
Un’idea è un’idea
— eppure pare nostra! —
ma s’è mai vista una rondine
tirare una carrozza?

Se all’idea non si offre
il braccio che le occorre,
l’idea, per ottima
che sia o sembri essere,
non sarà altro che muffa,
pane astratto o donna
senz’amore!

Dal due al tre nasciamo,
Dal due al tre moriamo,
E la vita? Non la viviamo.

In questo regno di Pacheco
— di quel ch’era solo pensante,
di quel che non diceva niente,
e sorrideva solamente,
di quel che mai ha detto niente
che non fosse teoria,
che nessuno seguiva tuttavia,
di quel che, dentro la testa,
aveva una mente brillante,
in questo regno di Pacheco,
o miei signori, che altro ci resta
se non opporci al malcostume,
alla ridondanza, al ben pensare,
con spilloni e con ceri,
far scoppiare la bestia,
e farla ribaltare?

Perciò, qua e là
tutto può capitare,
che le idee saltino fuori
dalla testa di chiunque
perché la vita non sia
solo bugia, puro fatto mentale...

________________

Paul Klee
Errore in verde (1939)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (9) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)