Anjo que eu assassino


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Anjo que eu assassino
L’angelo che io assassino


Só agora experimento espelhar a angústia
numa superfície que reflecte. Não pen-
sei nunca que o Poema fosse permeável.
E só agora me pesa este objecto cor
de pálpebra que me oculta visualmente.
Decifrem-me. Tenho na verdade o corpo dócil.
O verdadeiro equilíbrio do meu corpo prende-se
a fios ténues. Daqui até às hipóteses.
O esquecimento aproxima-se. São os poemas
que me tapam a visão. Com esta espessura
diante de mim eu já não Te vejo. Afasta es-
tas imagens usuais que foram postas
nos meus ombros. A minha liberdade depende
de um acto mágico. Terás de dissolver
este papel. Chamar limpidamente como eu
já ouvi chamares-me. O poema encobre-
-Te. Escrever assim é trespassar-me
até à minha alma dupla no Poema.

Soltanto ora tento di rispecchiare l’angoscia
su d’una superficie riflettente. Non ho mai pen-
sato che la Poesia fosse permeabile.
E solo ora mi disturba quest’oggetto color
di palpebra che m’intralcia la visuale.
Decifratemi. In verità posseggo un corpo docile.
L’autentico equilibrio del mio corpo è garantito
da tenui fili. Da qui sino alle ipotesi.
S’appropinqua l’oblio. Sono le poesie
che m’ostacolano la vista. Con questo spessore
davanti a me ormai più non Ti vedo. Discosta que-
ste immagini usitate che mi son state poste
sulle spalle. La mia libertà dipende
da un atto magico. Tu dovrai dissolvere
questa carta. Chiamarmi chiaramente come io
t’ho già sentito chiamarmi. La poesia Ti
occulta. Scrivere in questo modo è trafiggermi
fino alla mia doppia anima in Poesia.

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Odd Nerdrum
Autoritratto con gli occhi chiusi (1991)
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