Epístola para um cisne


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Epístola para um cisne
Epistola per un cigno


Cisne, que não conheces na água o teu reflexo verde
quando sob o teu corpo é dia e o sol afaga quedo
ou quando do teu porte há a sombra negra igual
a tudo o que está negro, e é noite, e abandono e medo.
Nem concebes o amor, nem leda, nem sequer eu mesma
que te amo no poema e temo o canto imaginado
que não cantaste agora ou não ouvi, de madrugada
quando a minha mãe morta era somente insone.
Nunca viste a beleza, nem a vida e os lábios
que sopram as primeiras e últimas palavras, ou
o hálito que sai em voz da dor mais desolada.
Nem a doença, a morte e os olhos sem imagens
do ar e das cores várias viste em que tu vogas branco.
É falso que celebres sozinho a tua morte e o fim,
se não sabes que só o teu outro cisne se perde.
Mas quando vi insone e logo morta a minha mãe
estou certa de que a cega, a muda, falsa ave cantou.

Cigno, tu che nell’acqua non riconosci il tuo riflesso verde
quando sotto il tuo corpo è giorno e il sole ti culla sereno
o quando il tuo profilo dà un’ombra nera uguale
a tutto ciò che è nero, ed è notte, e abbandono, e paura.
Non concepisci l’amore, né Leda, neppure me stessa
che in poesia ti amo e temo il canto immaginato
che ora non hai cantato, o io non l’ho udito, verso l’alba
quando mia madre morta era solamente insonne.
Non hai mai visto la bellezza, né la vita e le labbra
che sussurrano le prime e le ultime parole, o
l’alito che accompagna la voce della più desolata pena.
Né hai visto il morbo, la morte e gli occhi senza immagini
dell’aria e dei vari colori in cui tu bianco ondeggi.
È falso che tu celebri da solo la tua morte e la fine,
se non sai che solo l’altro tuo cigno si perde.
Ma quando io vidi insonne e presto morta mia madre
sono certa che il cieco e muto e falso uccello abbia cantato.

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Jan Asselijn
Cigno minacciato (1650)
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