Discurso ao Príncipe de Epaminondas, mancebo de grande futuro


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Mário Cesariny »»
 
Manual de Prestidigitação (1956) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Discurso ao Príncipe de Epaminondas,
mancebo de grande futuro
Discorso al Principe Epaminonda,
giovane dal grande futuro


Despe-te de verdades
das grandes primeiro que das pequenas
das tuas antes que de quaisquer outras
abre uma cova e enterra-as
a teu lado
primeiro as que te impuseram eras ainda imbele
e não possuías mácula senão a de um nome estranho
depois as que crescendo penosamente vestiste
a verdade do pão    a verdade das lágrimas
pois não és flor nem luto nem acalanto nem estrela
depois as que ganhaste com o teu sémen
onde a manhã ergue um espelho vazio
e uma criança chora entre nuvens e abismos
depois as que hão-de pôr em cima do teu retrato
quando lhes forneceres a grande recordação
que todos esperam tanto porque a esperam de ti
Nada depois, só tu e o teu silêncio
e veias de coral rasgando-nos os pulsos
Então, meu senhor, poderemos passar
pela planície nua
o teu corpo com nuvens pelos ombros
as minhas mãos cheias de barbas brancas
Aí não haverá demora nem abrigo nem chegada
mas um quadrado de fogo sobre as nossas cabeças
e uma estrada de pedra até ao fim das luzes
e um silêncio de morte à nossa passagem.

Spogliati di verità
di quelle grandi prima che delle piccole
delle tue prima che di qualunque altra
scava una fossa e sotterrale
accanto a te
prima quelle che t’hanno imposto quand’eri ancora docile
e non ti macchiava altra infamia se non un nome strano
poi quelle che crescendo hai dolorosamente indossato
la verità del pane    la verità delle lacrime
perché tu non sei fiore né lutto né carezza né stella
poi quelle che hai ottenuto con il tuo seme
dove il mattino innalza uno specchio vuoto
e un bimbo piange tra nuvole e abissi
poi quelle che poseranno sopra il tuo ritratto
quando offrirai loro il grande ricordo
che tutti tanto aspettano perché l’aspettano da te
E poi niente, solo tu e il tuo silenzio
e vene di corallo che ci lacerano i polsi
Allora, mio signore, potremo attraversare
la nuda pianura
il tuo corpo con nuvole sulle spalle
le mie mani piene di bianca peluria
Lì non vi sarà ritardo né rifugio né arrivo
solo un riquadro di fuoco sulle nostre teste
e una strada di pietra fino alla fine delle luci
e un silenzio di morte al nostro passaggio.

________________

Mário Cesariny
Merita la tua morte (non datato)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (9) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)