De profundis amamus


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De profundis amamus
De profundis amamus


Ontem
às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria

Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro
os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros

Olha
como só tu sabes olhar
a rua     os costumes

O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
é há quatro mil pessoas interessadas
nisso

Não faz mal     abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados     maravilhosos     únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso

Ieri
alle undici
hai fumato
una sigaretta
ti ho trovato
lì seduto
abbiamo finito col perdere
tutti i tuoi tranvai
i miei
erano già andati perduti
per loro natura

Abbiamo percorso
dieci chilometri
a piedi
nessuno ci ha visti passare
tranne
ovviamente
i portinai
è nella natura delle cose
esser visto
dai portinai

Guarda
come tu solo sai
la strada     i comportamenti

Il Pubblico
la piega dei tuoi pantaloni
è piena di freddo
e ci sono quattromila persone interessate
a questo

Non importa     mi abbraccino
i tuoi occhi
completamente azzurri
sarà così per molto tempo
passeranno molti secoli prima di noi
ma non prendertela
non prendertela
troppo
noi abbiamo a che fare solo
con il presente
perfetto
corsari dagli occhi di gatto impassibile
meravigliati     meravigliosi     unici
non ha né passato né futuro
il nostro strano verbo

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Henri Rousseau
Ritratto di Monsieur X (Pierre Loti) (1891)
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