Ars Magna


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Ars Magna
Ars Magna


Devo ter corredores por onde ninguém passe devo ter
um mar próprio e olhos cintilantes
devo saber de cor o ceptro e a espada
devo estar sempre pronto para ser rei e lutar
devo ter descobertas privativas implicando viagens
ao grande imprevisto
de um pássaro as ossadas de uma ilha a floresta do
teu peito o animal que inanimado canta
devo ser Júlio César e Cleópatra a força do Dniepper e
o carmim dos olhos de El-Rei D. Dinis
devo separar bem a alegria das lágrimas
fazer desaparecer e fazer que apareça
dia sim dia não
dia sim dia não
devo ter no meu quarto espelhos mais perfeitos, técnicas
mais sérias prestígios maiores
devo saber que és forte amplo transparente e
colher-te murmúrio flébil aureolado
que eu arranco da luz que encharca o mundo
dia sim dia não dia sim dia não
devo portar-me bem à saída do teatro
devo dar e tirar as chaves do universo
num passo ágil belo natural
e indiferente ao triunfo aos castigos aos medos
fitar unicamente, sob as luzes da cúpula, o voo tutelar
da invisível armada

Devo disporre di corridoi da cui nessuno passi devo avere
un mare personale e occhi scintillanti
devo sapere a memoria tutto sullo scettro e sulla spada
devo star sempre pronto ad esser re e guerreggiare
devo avere scoperte esclusive compresi i viaggi all’assoluto
sbaraglio
avere d’un uccello la carcassa di un’isola la foresta del tuo
petto l’animale che inanimato canta
devo essere Giulio Cesare e Cleopatra la forza del Dniepr
e il carminio degli occhi del Re D. Dinis
devo separare bene la gioia dalle lacrime
far scomparire e far che ricompaia
un giorno sì e un giorno no
un giorno sì e un giorno no
devo avere nella mia stanza gli specchi più perfetti, le
tecniche più affidabili il massimo prestigio
devo saperti forte influente cristallino e immaginarti in
sommesso mormorio glorificato
mormorio che io strappo alla luce che inonda il mondo
un giorno sì e un giorno no un giorno sì e un giorno no
devo comportarmi bene all’uscita da teatro
devo dare e togliere le chiavi dell’universo
con passo agile aggraziato naturale
e indifferente al trionfo ai castighi alle paure
fissare unicamente, sotto le luci della cupola, il volo tutelare
dell’invisibile armata

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Victor Brauner
Cerimonia (1947)
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