Tal como catedrais


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Mário Cesariny »»
 
Manual de Prestidigitação (1956) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Tal como catedrais
Come cattedrali


Consumada a Obra fica o esqueleto da mesma
e as inerentes avarias centrais
entre céu e terra à espera do descanso
Consumada a Obra ficamos     tu e eu
pensando frases como:     como é possível?
o que foi que fizemos?
ou esta, mais voraz que todas as anteriores:
Onde está a camisola?

Sim realmente
onde está a camisola?     Ola
palavra espanhola que quer dizer-nos: Onda
coitadas das palavras sempre a atravessar fronteiras
há tantos anos
não há aí quem possa dar descanso a estas senhoras?

O rato roeu a rolha da garrafa do Rei da Rússia
— frase entre todas triste, a atentar na significação

Sim consumada a Obra sobram rimas
pois ela é independente do obreiro
no deitar a língua de fora, no grande manguito aos Autores
é que se vê se uma obra está completa

Fiquemos tristes     abraça-me     nós fizemos tão pouco
e ela aí vai pelo mar fora cavando a sua avaria!

(O mundo é redondo
talvez a reencontremos...

— Esperança cínica e conservadora...)

TU MEU ÚNICO AMOR MEU AMOR
MEU MÚLTIPLO AMOR MEU!

Sim, sim, de facto
Efectivamente
mas o dia arrefece
e pálidos pálidos estamos

Consumata l’Opera non ne resta che lo scheletro
e le relative avarie sostanziali
tra cielo e terra in attesa del riposo
Consumata l’Opera rimaniamo     tu ed io
pensando a frasi come:     com’è possibile?
che cosa abbiamo fatto?
o a questa, più audace di tutte le precedenti:
Dov’è la camiciola?

Sì, realmente
dov’è la camiciola?     Ola
parola spagnola che vuol dirci: Onda
povere parole sempre costrette ad attraversar frontiere
da tanto tempo
non c’è nessuno disposto a dar riposo a queste signore?

Il ratto rosicchiò il turacciolo del barile del Re di Russia
— frase alquanto triste, se si considera il significato

Sì, consumata l’Opera restano le rime
dato che essa è indipendente dall’operaio
nel mostrar la lingua o fare il gesto dell’ombrello agli Autori
è lì che si vede se un’opera è completa

Come siamo tristi     abbracciami     abbiamo fatto così poco
e lei se ne va per tutti i mari aggravando la sua avaria!

(Il mondo è rotondo
magari la ritroveremo...

— Speranza cinica e conservatrice...)

TU MIO UNICO AMORE AMOR MIO
MIO MULTIPLO AMOR MIO!

Sì, sì, infatti
Effettivamente
ma il giorno si raffredda
e pallidi pallidi restiamo qui

________________

František Kupka
Cattedrale (1912)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (20) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (429) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (21) Poemas Sociais (30) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)