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a antonin artaud
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a antonin artaud
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I
Haverá gente com nomes que lhes caiam bem.
Não assim eu.
De cada vez que alguém me chama Mário
de cada vez que alguém me chama Cesariny
de cada vez que alguém me chama de Vasconcelos
sucede em mim uma contracção com os dentes
Há contra mim uma imposição violenta
Uma cutilada atroz porque atrozmente desleal.
Como assim Mário como assim Cesariny como assim
ó meu deus de Vasconcelos?
Porque é que querem fazer passar para o meu corpo
uma caricatura a todos os títulos porca?
Que andavam a fazer com minha altura os pais
pelos baptistérios
para que eu recebesse em plena cara semelhante feixe
de estruturas
tão inqualificáveis quanto inadecuadas
ao acto em mim sozinho como a vida puro
eu não sei de voces eu não tenho nas mãos eu vomito eu
não quero
Eu nunca aderí às comunidades práticas de pregar
com pregos
as partes mais vulneráveis da matéria
Eu estou só neste avanço
de corpos
contra corpos
Inexpiáveis
O meu nome se existe deve existir escrito nalgum lugar
«tenebroso e cantante» suficientemente glaciado
e horrível
para que seja impossível encontrá-lo
sem de alguma maneira enveredar pela estrada
Da Coragem
porque a este respeito — e creio que digo bem —
nenhuma garantia de leitura grátis
se oferece ao viandante
Por outro lado, se eu tivesse um nome
um nome que me fosse realmente o meu nome
isso provocaria
calamidades
terríveis
como um tremor de terra
dentro da pele das coisas
dos astros
das coisas
das fezes
das coisas
II
Haverá uma idade para nomes que não estes
haverá uma idade para nomes
puros
nomes que magnetizem
constelações
puras
que façam irromper nos nervos e nos ossos
dos amantes
inexplicáveis construções radiosas
prontas a circular entre a fuligem
de duas bocas puras
Ah não será o esperma torrencial diuturno
nem a loucura dos sábios nem a razão de ninguém
Não será mesmo quem sabe ó único mestre vivo
o fim da pavorosa dança dos corpos
onde pontificaste de martelo na mão
Mas haverá uma idade em que serão esquecidos
por completo
os grandes nomes opacos que hoje damos às coisas
Haverá
um acordar
Haverá gente com nomes que lhes caiam bem.
Não assim eu.
De cada vez que alguém me chama Mário
de cada vez que alguém me chama Cesariny
de cada vez que alguém me chama de Vasconcelos
sucede em mim uma contracção com os dentes
Há contra mim uma imposição violenta
Uma cutilada atroz porque atrozmente desleal.
Como assim Mário como assim Cesariny como assim
ó meu deus de Vasconcelos?
Porque é que querem fazer passar para o meu corpo
uma caricatura a todos os títulos porca?
Que andavam a fazer com minha altura os pais
pelos baptistérios
para que eu recebesse em plena cara semelhante feixe
de estruturas
tão inqualificáveis quanto inadecuadas
ao acto em mim sozinho como a vida puro
eu não sei de voces eu não tenho nas mãos eu vomito eu
não quero
Eu nunca aderí às comunidades práticas de pregar
com pregos
as partes mais vulneráveis da matéria
Eu estou só neste avanço
de corpos
contra corpos
Inexpiáveis
O meu nome se existe deve existir escrito nalgum lugar
«tenebroso e cantante» suficientemente glaciado
e horrível
para que seja impossível encontrá-lo
sem de alguma maneira enveredar pela estrada
Da Coragem
porque a este respeito — e creio que digo bem —
nenhuma garantia de leitura grátis
se oferece ao viandante
Por outro lado, se eu tivesse um nome
um nome que me fosse realmente o meu nome
isso provocaria
calamidades
terríveis
como um tremor de terra
dentro da pele das coisas
dos astros
das coisas
das fezes
das coisas
II
Haverá uma idade para nomes que não estes
haverá uma idade para nomes
puros
nomes que magnetizem
constelações
puras
que façam irromper nos nervos e nos ossos
dos amantes
inexplicáveis construções radiosas
prontas a circular entre a fuligem
de duas bocas puras
Ah não será o esperma torrencial diuturno
nem a loucura dos sábios nem a razão de ninguém
Não será mesmo quem sabe ó único mestre vivo
o fim da pavorosa dança dos corpos
onde pontificaste de martelo na mão
Mas haverá uma idade em que serão esquecidos
por completo
os grandes nomes opacos que hoje damos às coisas
Haverá
um acordar
I
Ci sarà gente con nomi che gli stanno a pennello.
Non è il mio caso.
Ogni volta che qualcuno mi chiama Mario
ogni volta che qualcuno mi chiama Cesariny
ogni volta che qualcuno mi chiama de Vasconcelos
ecco che sopravviene una contrazione nei denti
Sento contro di me un’imposizione violenta
Una pugnalata atroce perché atrocemente sleale.
Ma perché mai Mario perché mai Cesariny perché mai
mio dio de Vasconcelos?
È perché vogliono affibbiare al mio corpo
una caricatura a tutti gli effetti ripugnante?
Ecco cosa volevano fare della mia dignità i padrini
del battesimo
affinché io ricevessi in piena faccia un simile fastello di
strutture
tanto inqualificabili quanto inadeguate
all’atto a me come la vita solo puro
io non so voi io non lo sopporto io vomito io
non voglio
Io non ho mai aderito a comunità esperte nel fissare coi
chiodi
le parti più vulnerabili della materia
Io sto solo in questa marcia
di corpi
contro corpi
Intollerabili
Il mio nome se esiste deve star scritto in qualche luogo
«tenebroso e cantante» sufficientemente gelido
e spaventoso
perché sia impossibile trovarlo
senza imboccare in qualche modo la strada
del Coraggio
perché a tal proposito — e credo di non sbagliare — nessuna
garanzia di lettura gratis
viene offerta al viandante
D’altro canto, se io avessi un nome
un nome che mi si adeguasse realmente il mio nome
questo provocherebbe
calamità
terribili
come un tremito della terra
nella pelle delle cose
degli astri
delle cose
delle feci
delle cose
II
Ci sarà un’età per nomi diversi da questi
ci sarà un’età per nomi
puri
nomi che magnetizzino
costellazioni
pure
che facciano irrompere nei nervi e nelle ossa
degli amanti
inesplicabili costruzioni radiose
pronte a circolare entro la fuliggine
di due bocche pure
Ah non sarà l’incessante sperma impetuoso
né la follia dei saggi né la ragione di nessuno
Non sarà neppure chissà l’unico maestro vivo
la fine della spaventosa danza dei corpi
da dove hai pontificato col martello in mano
Ma ci sarà un’epoca in cui saranno completamente
dimenticati
i grandi nomi opachi che oggi diamo alle cose
Ci sarà
un risveglio
Ci sarà gente con nomi che gli stanno a pennello.
Non è il mio caso.
Ogni volta che qualcuno mi chiama Mario
ogni volta che qualcuno mi chiama Cesariny
ogni volta che qualcuno mi chiama de Vasconcelos
ecco che sopravviene una contrazione nei denti
Sento contro di me un’imposizione violenta
Una pugnalata atroce perché atrocemente sleale.
Ma perché mai Mario perché mai Cesariny perché mai
mio dio de Vasconcelos?
È perché vogliono affibbiare al mio corpo
una caricatura a tutti gli effetti ripugnante?
Ecco cosa volevano fare della mia dignità i padrini
del battesimo
affinché io ricevessi in piena faccia un simile fastello di
strutture
tanto inqualificabili quanto inadeguate
all’atto a me come la vita solo puro
io non so voi io non lo sopporto io vomito io
non voglio
Io non ho mai aderito a comunità esperte nel fissare coi
chiodi
le parti più vulnerabili della materia
Io sto solo in questa marcia
di corpi
contro corpi
Intollerabili
Il mio nome se esiste deve star scritto in qualche luogo
«tenebroso e cantante» sufficientemente gelido
e spaventoso
perché sia impossibile trovarlo
senza imboccare in qualche modo la strada
del Coraggio
perché a tal proposito — e credo di non sbagliare — nessuna
garanzia di lettura gratis
viene offerta al viandante
D’altro canto, se io avessi un nome
un nome che mi si adeguasse realmente il mio nome
questo provocherebbe
calamità
terribili
come un tremito della terra
nella pelle delle cose
degli astri
delle cose
delle feci
delle cose
II
Ci sarà un’età per nomi diversi da questi
ci sarà un’età per nomi
puri
nomi che magnetizzino
costellazioni
pure
che facciano irrompere nei nervi e nelle ossa
degli amanti
inesplicabili costruzioni radiose
pronte a circolare entro la fuliggine
di due bocche pure
Ah non sarà l’incessante sperma impetuoso
né la follia dei saggi né la ragione di nessuno
Non sarà neppure chissà l’unico maestro vivo
la fine della spaventosa danza dei corpi
da dove hai pontificato col martello in mano
Ma ci sarà un’epoca in cui saranno completamente
dimenticati
i grandi nomi opachi che oggi diamo alle cose
Ci sarà
un risveglio
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Aldo Romano Pèse-nerfs (1984) |
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