As palavras escolhidas


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
António Gedeão »»
 
Teatro do Mundo (1958) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


As palavras escolhidas
Le parole scelte


Não sei, não sei, não, não sei,
não sei, nem ninguém o sabe,
por que este dever me cabe,
dever ou devir, não sei.
Outros, que um dia virão,
saberão e entenderão
o que nenhum de nós sabe.
Outros dirão o motivo
por que é que me exprimo assim,
por que luto e por que vivo
tão alheado de mim.

Por que se impõe, por que oprime
este martírio comum,
esta expiação sem crime
na cela de cada um.
Por que, sem escolha, me entrego
nas palavras escolhidas,
sementes evoluídas
cumprindo um destino cego.
Tudo então será fácil. Tudo.
E todos o entenderão.
Todas as gotas deste caudal mudo
no mesmo longo leito correrão.

Então se entenderá que a voz do poeta,
que o metal da trompete e as tintas do antraceno,
que o silvo do motor rasgando o espaço pleno,
que o choque do neutrão da experiência secreta,
que o modo de sentir, de rir, de querer, de amar,
tudo é sinal e símbolo de um coração diferente.

E então todos dirão:
Claro! Evidentemente!
Non so, non so, no, non so,
non so, e nessuno lo sa,
perché a me tocca questo dovere,
dovere o piacere, non so.
Altri, che un giorno verranno,
sapranno e capiranno
ciò che nessuno di noi sa.
Altri diranno il motivo
per cui io così mi esprimo,
perché io lotto e perché vivo
tanto estraniato da me.

Perché questo martirio comune,
questa espiazione di nessun crimine
si impone e opprime
ciascuno nella propria prigione.
Perché, se costretto, m’arrendo
alle parole scelte,
sementi evolute
per compiere un destino cieco.
Tutto allora sarà facile. Tutto.
E tutti lo comprenderanno.
Tutte le gocce di questo torrente muto
nello stesso letto correranno.

Allora si capirà che la voce del poeta,
che il metallo della tromba e i colori dell’antracene,
che il sibilo del motore che penetra nello spazio,
che l’impatto dei neutroni negli esperimenti segreti,
che quel modo di sentire, di ridere, di volere, di amare,
sono tutti segnali e simboli d’un cuore differente.

E allora tutti diranno:
Ma è chiaro! È evidente!
________________

Arman
Tromba (1989)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (13) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)