Poema do Futuro


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Poema do Futuro
Poesia del futuro


Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.

No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.

Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
Coscientemente scrivo e, cosciente,
medito sul mio destino.

Sul declivio del tempo scorrono gli anni,
scivolano come l’acqua, finché un giorno
un possibile lettore prende un libro
e legge,
legge svogliatamente,
per puro caso, senza sapere il perché.
Legge, e sorride.
Sorride per la costruzione del verso che stride
al suo differente udito;
sorride dei termini che il poeta ha usato
ove le spore del tempo han lasciato odore di muffa;
e sorride, quasi ride, dell’intimo significato,
del palpitare antico
di quel corpo immobile, riesumato
dalla fossa della poesia.

Nella Storia Naturale dei sentimenti
tutto s’è trasformato.
L’amore ha altre parole,
il dolore altri assilli,
la speranza altre illusioni,
la rabbia altre espressioni.
Stilata sopra la pagina, esposta e scoperta,
curioso esemplare d’un mondo sorpassato,
è tutto quanto c’è,
è tutto quanto resta
d’un essere che fra altri esseri
vagò sopra la Terra.
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Florine Offergelt
Parole (2016)
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