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Espelho de duas faces
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Specchio a due facce
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Ajuda-me a esquecer as tuas faltas
e a ignorar os teus crimes para melhor te amar. Dá-me a febre em que te exaltas e o que nos olhos exprimes quando não sabes falar. Espelho de duas faces, plana e curva: és, e não és. Imagem dupla, ora límpida, ora turva, numa te afirmas, noutra te negas, em ambas te crês. Queria sentir-te em outros sentidos. Queria ver-te sem olhos e ouvir-te sem ouvidos. E queria as tuas mãos numa aldeia fraterna. Essas mãos que ainda ontem, de manhã, aturdidas, com duas varas secas e folhas ressequidas arrepiaram de luz as sombras da caverna. |
Aiutami a dimenticare le tue mancanze
e a ignorare i tuoi crimini per poterti meglio amare. Donami la febbre in cui t’esalti e che con gli occhi esprimi quando non sai parlare. Specchio a due facce, piana e incurvata: Sei, e non sei. Immagine doppia, ora limpida, ora opaca, in una t’affermi, nell'altra ti rinneghi, in entrambe ti credi. Vorrei sentirti con altri sensi. Vorrei vederti senz’occhi e senz’orecchi udirti. E le tue mani vorrei come una contrada fraterna. Quelle mani che, ancor ieri mattina, sbalordite, con due bacchette e delle foglie disseccate, di luce strabiliarono le ombre della caverna. |
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Pascal Vochelet Familiarità (Serie - 2017) |
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