Poema do eterno retorno


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Poema do eterno retorno
Poesia dell’eterno ritorno


Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
se a mesma causa desse sempre o mesmo efeito
e para cada efeito houvesse sempre a mesma causa,
então o meu salgueiro
havia um dia de ressuscitar.
 
Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
eu próprio,
na efemeridade eternamente repetida
deste momento de agora
tornaria a rever o meu salgueiro.
 
Se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
os milhões de milhões de milhões de átomos
que compõem os milhões de milhões de milhões de
 galáxias
dispostos de milhões de milhões de milhões de maneiras
 diferentes,
teriam forçosamente de repetir,
daqui a milhões de milhões de milhões de séculos,
exactissimamente a mesma posição que agora têm.
 
E então,
nesse dia infinitamente longínquo mas finitamente
 próximo,
eu, Fulano de Tal,
filho legítimo de Fulano de Tal e de Dona Fulana de Tal,
nascido e baptizado na freguesia de Tal,
a tanto de Tal,
neto paterno de Fulanos de Tal,
e materno de Tal e Tal,
etc, e tal,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos,
encontrar-me-ía no mesmo ponto do mesmo Universo
a olhar parvamente para o meu salgueiro.
 
Isto, é claro,
se não houvesse mais nada
(mesmo mais nada)
senão átomos.
Se non esistesse più niente
(ma proprio più niente)
se non atomi,
se la stessa causa producesse sempre lo stesso effetto
e per ogni effetto ci fosse sempre la stessa causa,
allora il mio salice
un giorno dovrebbe risuscitare.
 
Se non esistesse più niente
(ma proprio più niente)
se non atomi,
io stesso,
nella fugacità eternamente ripetuta
di questo momento attuale
tornerei a rivedere il mio salice.
 
Se non esistesse più niente
(ma proprio più niente)
se non atomi,
i milioni di milioni di milioni di atomi
che compongono i milioni di milioni di milioni di
 galassie
disposti in milioni di milioni di milioni di maniere
 differenti,
dovrebbero necessariamente ripetere,
tra qualche milione di milioni di milioni di secoli,
la stessa identica posizione che hanno adesso.
 
E allora,
in quel giorno infinitamente lontano ma finitamente
 prossimo,
io, Tal dei Tali,
figlio legittimo di Tal dei Tali e della Signora Tal dei Tali,
nato e battezzato nella Tal parrocchia,
alla Tal ora,
nipote di nonno Tal dei Tali,
e di nonna Tal dei Tali,
ecc. ecc.,
se non esistesse più niente
(ma proprio più niente)
se non atomi,
mi ritroverei nello stesso punto dello stesso Universo
a guardare ottusamente il mio salice.
 
Tutto questo, è chiaro,
se non esistesse più niente
(ma proprio più niente)
se non atomi.
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Claude Monet
Salice piangente (1918)
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