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Poema de domingo
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Poesia della domenica
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Aos domingos as ruas estão desertas
e parecem mais largas. Ausentaram-se os homens à procura de outros novos cansaços que os descansem. Seu livre arbítrio alegremente os força a fazerem o mesmo que fizeram os outros que foram fazer o que eles fazem. E assim as ruas ficaram mais largas, o ar mais limpo, o sol mais descoberto. Ficaram os bêbados com mais espaço para trocarem pernas e espetarem o ventre e alargarem os braços no amplexo de amor que só eles conhecem. O olhar aberto às largas perspectivas difunde-se e trespassa os sucessivos, transparentes planos. Um cão vadio sem pressas e sem medos fareja o contentor tombado no passeio. É domingo. E aos domingos as árvores crescem na cidade, e os pássaros, julgando-se no campo, desfazem-se a cantar empoleirados neles. Tudo volta ao princípio. E ao princípio o lixo do contentor cheira ao estrume das vacas e o asfalto da rua corre sem sobressaltos por entre as pedras levando consigo a imagem das flores amarelas do tojo, enquanto o transeunte, no deslumbramento do encontro inesperado, eleva a mão e acena para o passeio fronteiro onde não vai ninguém. |
Di domenica le vie sono deserte
e sembrano più larghe. Sono assenti gli uomini alla ricerca d’altre nuove fatiche che li rilassino. Il loro libero arbitrio allegramente li spinge a fare le stesse cose che han fatto gli altri che sono andati a fare quel che fan loro. E così le vie son rimaste più larghe, l’aria più pulita, il sole più scoperto. Son rimasti i beoni con più spazio per sgranchirsi le gambe e grattarsi la pancia e allargare le braccia nell’amplesso amoroso che solo loro conoscono. Lo sguardo aperto alle ampie prospettive si dilata e attraversa i successivi piani trasparenti. Un cane randagio senza fretta e senza tema annusa il bidone caduto sul marciapiede. È domenica. E di domenica gli alberi crescono in città, e gli uccelli, credendosi in campagna, s’abbandonano al canto standovi appollaiati. Tutto torna al principio. E al principio il pattume del cassonetto odora di sterco di vacca e l’asfalto della via scorre senza sobbalzi in mezzo ai sassi portando con sé l’immagine dei fiori gialli di ginestra, mentre il passante, nello stordimento di quell’incontro inatteso, alza la mano e accenna un saluto verso il marciapiede di fronte dove nessuno passa. |
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Cunha Rocha Coimbra (1985) |
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