Vidro


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Vidro
Vetro


O dia termina rápido
Quando a gente olha o rélogio
Já está na hora de dormir

Queria ter acordado mais cedo para
Sentir o cheiro da madrugada
Aproveitar o nascer do sol

E quando as maritacas cantaram
Queria ter ido à janela concluir
Que é um dueto com as mesmas sílabas

O café, devia ter reparado
Com que perícia meu marido o faz
Para um litro, o adoçante: 35 gotas

Meu gato vindo até mim
Com um grunhido afetuoso
Seu nariz gelado no meu
Minhas filhas me dando bom dia
Indo cada uma para suas
Descobertas

Queria ter feito um poema
Cauteloso, um poema que pudesse
Desacelerar as horas

E ter provado melhor o almoço
Cada colherada
Teria mastigado dez vezes

Il giorno termina alla svelta
Quando guardiamo l’orologio
È già giunta l’ora di dormire

Vorrei essermi svegliata prima per
Sentire il profumo dell’alba
Godermi il sorgere del sole

E quando le cocorite cantavano
Vorrei esser andata alla finestra per dedurre
Che era un duetto con le stesse sillabe

Il caffè, avrei dovuto accorgermi
Con quanta perizia mio marito lo fa
Per un litro: 35 gocce di dolcificante

Il mio gatto che mi viene incontro
Con un borbottio affettuoso
Il suo naso gelato sul mio
Le mie figlie che mi danno il buongiorno
Ognuna partendo per le proprie
Scoperte

Vorrei aver fatto una poesia
Meticolosa, una poesia che potesse
Rallentare le ore

E aver degustato meglio il pranzo
Ogni cucchiaiata
L’avrei masticata dieci volte

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Fernando Botero
Scena familiare (1969)
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