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Suécia. Às três e meia da tarde...
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Svezia. Alle tre e mezza del pomeriggio...
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Suécia. Às três e meia da tarde,
Sem rodeios ou meridianos,
A escuridão apodera-se da realidade.
Nos parques, a neve foi parda,
O dia, uma película a preto e branco.
Tudo parece evitar a presença da luz
Para apaziguar uma treva interior, luterana.
«Abusámos da luz e julgámos que víamos.
Abusámos da luz e cegámos.
Abusámos da luz e perdemo-nos
De nós mesmos e dos outros.
Vai, escurece, encontra-te»,
Diz alguém, alguma coisa?
Sente-se como é máxima a gravidade –
Todas as coisas inapelavelmente chamadas
À terra pelo núcleo do seu peso,
Raízes em perseguição de um sono.
Nenhuma ilusão de voo,
A não ser talvez o canto de aves invisíveis
Ou as mãos de algum vento que deslizam
Sobre a ausência de um piano.
Sobre Estocolmo, o asfalto silencioso do céu.
Eis uma cidade que põe fim
À imensa solidão sôfrega
De ilhas que, num mesmo arquipélago,
Nunca se encontram, nunca se pertencem.
Sem rodeios ou meridianos,
A escuridão apodera-se da realidade.
Nos parques, a neve foi parda,
O dia, uma película a preto e branco.
Tudo parece evitar a presença da luz
Para apaziguar uma treva interior, luterana.
«Abusámos da luz e julgámos que víamos.
Abusámos da luz e cegámos.
Abusámos da luz e perdemo-nos
De nós mesmos e dos outros.
Vai, escurece, encontra-te»,
Diz alguém, alguma coisa?
Sente-se como é máxima a gravidade –
Todas as coisas inapelavelmente chamadas
À terra pelo núcleo do seu peso,
Raízes em perseguição de um sono.
Nenhuma ilusão de voo,
A não ser talvez o canto de aves invisíveis
Ou as mãos de algum vento que deslizam
Sobre a ausência de um piano.
Sobre Estocolmo, o asfalto silencioso do céu.
Eis uma cidade que põe fim
À imensa solidão sôfrega
De ilhas que, num mesmo arquipélago,
Nunca se encontram, nunca se pertencem.
Svezia. Alle tre e mezza del pomeriggio,
Di punto in bianco,
L’oscurità s’appropria della realtà.
Nei parchi, la neve si fa scura,
Il giorno, una pellicola in bianco e nero.
Tutto sembra evitare la presenza della luce
Per attenuare una tenebra interiore, luterana.
«Abusiamo della luce e pensiamo d’aver visto.
Abusiamo della luce e ci abbagliamo.
Abusiamo della luce e perdiamo
Di vista noi stessi e gli altri.
Va’, oscurati, ritrovati»,
L’ha detto qualcuno, qualcosa del genere?
Si avverte come sia al suo culmine la gravità –
Ogni cosa è irrevocabilmente trascinata
A terra dal nucleo del suo peso,
Radici all’inseguimento del sonno.
Nessuna illusione di volo,
Salvo forse il canto di invisibili uccelli
O le mani di qualche vento che scivolano
Sull’assenza d’un pianoforte.
Sopra Stoccolma, l’asfalto silenzioso del cielo.
Ecco una città che pone fine
All’immensa inquieta solitudine
Di isole che, in uno stesso arcipelago,
Non s’incontrano mai né s’appartengono.
Di punto in bianco,
L’oscurità s’appropria della realtà.
Nei parchi, la neve si fa scura,
Il giorno, una pellicola in bianco e nero.
Tutto sembra evitare la presenza della luce
Per attenuare una tenebra interiore, luterana.
«Abusiamo della luce e pensiamo d’aver visto.
Abusiamo della luce e ci abbagliamo.
Abusiamo della luce e perdiamo
Di vista noi stessi e gli altri.
Va’, oscurati, ritrovati»,
L’ha detto qualcuno, qualcosa del genere?
Si avverte come sia al suo culmine la gravità –
Ogni cosa è irrevocabilmente trascinata
A terra dal nucleo del suo peso,
Radici all’inseguimento del sonno.
Nessuna illusione di volo,
Salvo forse il canto di invisibili uccelli
O le mani di qualche vento che scivolano
Sull’assenza d’un pianoforte.
Sopra Stoccolma, l’asfalto silenzioso del cielo.
Ecco una città che pone fine
All’immensa inquieta solitudine
Di isole che, in uno stesso arcipelago,
Non s’incontrano mai né s’appartengono.
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Erik Tryggelin Luci serali sul Karlberg Kanal, Stoccolma (1940) |
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