Quando a meia-noite começa...


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Quando a meia-noite começa...
Quando la mezzanotte comincia...


Quando a meia-noite começa a beber as almas,
Quando os copos ganham fundo
E para muita desta fauna nocturna
O mundo parece mais próximo do fim,
Eis chegada a hora de Jean-Claude;
A hora escondida pelo dia inteiro,
A hora de ajudar Maria, a bela de serviço,
Nas últimas tarefas do bar antes do fecho.
Não importa o que digam:
Se é demência de velho, se é ridículo,
Se é patético, se é risível, se é confrangedor.
Deixar esses juízos para as vidas secas
Que se comprazem nos aforismos sobre a solidão,
Como há tanta e como é triste. Que lhes preste.
Jean-Claude nada pede a Maria,
Ou apenas, tacitamente, que se deixe amar um pouco.
Maria nada oferece a Jean-Claude,
Salvo um arisco e moreno deixar-se amar,
Um deixar-se amar fugindo, como de ninfa.
Este é um amor que merece muitos amigos.
Todas as noites, à saída, alguém descobre uma lágrima
No rosto de Jean-Claude, mais pura
Do que um sapato de cristal numa escadaria.

Quando la mezzanotte comincia a bersi le anime,
Quando i bicchieri si svuotano fino in fondo
E a molti esemplari di questa fauna notturna
Il mondo sembra più prossimo alla fine,
Ecco giunta l’ora di Jean-Claude;
L'ora nascosta per tutta la giornata,
L'ora d’aiutare Maria, la bella di servizio,
Nelle ultime faccende del bar prima di chiudere.
Lascia pure che dicano:
Se è demenza d’un vecchio, se è ridicolo,
Se è patetico, se è penoso, se è struggente,
Questi giudizi lasciamoli alle vite aride
Che si compiacciono di aforismi sulla solitudine,
Quanta ce n’è e quant’è triste. Che dicano la loro.
Jean-Claude non chiede niente a Maria,
O solo, tacitamente, che si lasci amare un po’.
Maria non offre nulla a Jean-Claude,
Salvo un rustico e bruno lasciarsi amare
Un lasciarsi amare sfuggente, come una ninfa.
Questo è un amore che merita molti amici.
Tutte le notti, uscendo, qualcuno scopre una lacrima
Sul volto di Jean-Claude, più pura
D’una scarpetta di cristallo su di una scalinata.


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Vincent van Gogh
Il caffè di notte (1888)
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