Com um punhal, de noite...


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Com um punhal, de noite...
Con un pugnale, di notte...


 Cracóvia, 1914

Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, no umbral.
A terra é uma língua verde,
A infância, um veado azul.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, nas paredes dos quartos.
O inferno é o rosto da tua mãe,
O inferno é o rosto da tua irmã,
Pedra e anjo e bosque.
O relógio de sol marca sempre meia-noite,
A tua alma foi com a música
Colher bagas, que esmaga no corpo –
Azuis, vermelhas, violetas.
A cidade é toda vielas
Entre as mandíbulas das muralhas
E os caninos das torres;
A única luz é de archotes plangentes
E jamais se cansam os cortejos fúnebres,
Coro de passos em ranger de gravilha.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, à tua cabeceira.
Alguém te cobre com o frio.
Entrega-te nesses braços, confia –
Sabes que é o abismo..

 Cracovia, 1914

Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, alla porta.
La terra è una lingua verde,
L'infanzia, un cervo blu.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, sui muri delle stanze.
L'inferno è il viso di tua madre,
L'inferno è il viso di tua sorella,
Pietra e angelo e bosco.
L’orologio del sole segna sempre la mezzanotte,
La tua anima è andata a suon di musica
A far raccolta di bacche e se le stringe al corpo –
Blu, rosse, violette.
La città è tutta viuzze
Tra le mandibole delle mura
E i canini delle torri;
L'unica luce viene dalle torce piangenti
E instancabili sono i cortei funebri.
Coro di passi scricchiolanti sui ciottoli.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, al tuo capezzale.
Qualcuno ti ricopre di freddo.
Affidati a queste braccia, fidati –
Tu sai che è l’abisso.


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Umberto Boccioni
La carica dei lancieri (1915)
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