Com um punhal, de noite...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 59 / Sommario (60) / 62 »»
________________


Com um punhal, de noite...
Con un pugnale, di notte...


 Cracóvia, 1914

Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, no umbral.
A terra é uma língua verde,
A infância, um veado azul.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, nas paredes dos quartos.
O inferno é o rosto da tua mãe,
O inferno é o rosto da tua irmã,
Pedra e anjo e bosque.
O relógio de sol marca sempre meia-noite,
A tua alma foi com a música
Colher bagas, que esmaga no corpo –
Azuis, vermelhas, violetas.
A cidade é toda vielas
Entre as mandíbulas das muralhas
E os caninos das torres;
A única luz é de archotes plangentes
E jamais se cansam os cortejos fúnebres,
Coro de passos em ranger de gravilha.
Com um punhal, de noite,
Com um punhal, alguém bate,
Sem cessar, à tua cabeceira.
Alguém te cobre com o frio.
Entrega-te nesses braços, confia –
Sabes que é o abismo..

 Cracovia, 1914

Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, alla porta.
La terra è una lingua verde,
L'infanzia, un cervo blu.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, sui muri delle stanze.
L'inferno è il viso di tua madre,
L'inferno è il viso di tua sorella,
Pietra e angelo e bosco.
L’orologio del sole segna sempre la mezzanotte,
La tua anima è andata a suon di musica
A far raccolta di bacche e se le stringe al corpo –
Blu, rosse, violette.
La città è tutta viuzze
Tra le mandibole delle mura
E i canini delle torri;
L'unica luce viene dalle torce piangenti
E instancabili sono i cortei funebri.
Coro di passi scricchiolanti sui ciottoli.
Con un pugnale, di notte,
Con un pugnale, qualcuno batte,
Senza sosta, al tuo capezzale.
Qualcuno ti ricopre di freddo.
Affidati a queste braccia, fidati –
Tu sai che è l’abisso.


________________

Umberto Boccioni
La carica dei lancieri (1915)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (31) José Saramago (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (483) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)