Poema para “Elegia para a minha campa” de S. da Gama


Nome:
 
Collezione:
Fonte:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Galeria (2016) »»
http://nunorochamorais.blogspot.com (ottobre 2019) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Poema para “Elegia para a minha campa”...
Poesia per “Elegia per la mia compagna”...


Também eu estarei só,
Até já sem mim,
Não no seio da terra,
Pois que de vida é a terra,
Mas no ventre da morte
E será então que outros
Virão depositar lembranças,
Belas, das que não houve,
Lembranças sinuosas;
Virão depositar pétalas esmaecidas
De pálida e apressada ternura,
Apenas porque estarei só
E estarei morto,
Já frio, já mármore, já morte.

Também eu estarei só,
Apenas rodeado pela atenção
De círios ou rosas,
Vigilantes, tentando ver
E gravar em cor ou chama
A minha subida ou descida,
Se as houver.

Mas ver-me-ão apenas só,
Embora com o mundo todo em torno
Matéria jorrante,
A minha alma será corredor,
Escuro espaço de solidão
E eu estarei só.

E será apenas então,
Eu, que cantei toda a vida,
Que, no silêncio,
A minha voz se espalhará
E se tornará alegria nas coisas,
Pureza de união
Para que a minha voz,
Ao invocar o mundo,
Não mais esteja só.

E apenas eu estarei só,
Só.

Anch’io sarò solo,
Addirittura senza di me.
Non nel grembo della terra
Poiché è fatta di vita la terra,
Ma nel ventre della morte.
E sarà allora che altri
Verranno a posare ricordi,
Belli, di ciò che non è stato,
Ricordi tortuosi;
Verranno a posare petali appassiti
Con pallida e impulsiva tenerezza,
Appena perché io sarò solo
E sarò morto,
Già freddo, già marmo, già morto.

Anch’io sarò solo,
Attorniato appena dall'attenzione
Di ceri o di rose,
Vigili, tentando di vedere
E immortalare coi colori o col fuoco
La mia ascesa o discesa,
Se ciò accadrà.

Ma non mi si vedrà che solo,
Anche se tutto il mondo intorno
È materia prorompente,
L’anima mia non sarà che un varco,
Un oscuro spazio di solitudine
E io sarò solo.

E sarà solo allora,
Pur se io tutta la vita ho cantato,
Che la mia voce dilagherà
Nel silenzio,
E diverrà gioia per le cose,
Purezza d’unione
Affinché la mia voce,
Nell’invocare il mondo,
Non sia più sola.

E appena io sarò solo,
Solo.

________________

Karl Ballmer
Gegenüber (1940)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (22) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (3) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)