Aos Poetas


Nome:
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Miguel Torga »»
 
Odes (1946) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Aos poetas
Ai poeti


Somos nós
As humanas cigarras!
Nós,
Desde os tempos de Esopo conhecidos.
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos
A passar!...
Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras,
Asas que em certas horas
Palpitam,
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura!
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.

Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz!
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz!

E vos digo e conjuro que canteis!
Que sejais menestréis
De uma gesta de amor universal!
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural!
Homens de toda a terra sem fronteiras!
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele!
Crias de Adão e Eva verdadeiras!
Homens da torre de Babel!

Homens do dia a dia
Que levantem paredes de ilusão!
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão!

Siamo noi
Le umane cicale.
Noi,
Già famosi ai tempi d’Esopo...
Noi,
Pigri insetti perseguitati.
Noi siamo le ridicole comparse
Della fiaba borghese della formica.
Noi, l’affamata tribù degli zigani
Che s’accampa
Al chiar di luna.
Noi, che non cambiamo mai,
Cambiando...
Siamo noi, e noi soltanto possiamo avere
Ali sonore.
Ali che a certe ore
Palpitano.
Ali che muoiono, ma poi resuscitano
Dalla tomba.
E che, dalla distesa
Delle messi
Innalzano a un livello più elevato
La mano che solo sublimità ha seminato.

Dunque è per voi, Poeti, che io levo
La fraterna coppa del mio canto,
E alla vostra salute il dolce vino io bevo
Della pace e dell'amicizia.
Vino che non è mio
Bensì del mosto che dona la bellezza.

E vi prego e scongiuro che cantiate.
Che siate menestrelli
D’una saga d'amore universale.
Un’epopea che non abbia re,
Ma uomini a grandezza naturale.
Uomini di tutto il mondo, senza frontiere.
D’ogni sorta e costume, del colore
Che il sole ha posto loro a fior di pelle.
Autentiche creature d'Adamo ed Eva.
Uomini della torre di Babele.

Uomini qualunque
Che innalzino muri d'illusioni.
Uomini coi piedi per terra,
Che indossino sogno e poesia
Grazie al dono infantile della vostra mano.

________________

Simone Martini
Frontespizio del Commento di Servio a Virgilio
(1338)

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (11) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)