Para Zbigniew Herbert


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Para Zbigniew Herbert
A Zbigniew Herbert


O senhor Cogito pensa,
Mas já não está em casa:
Tudo lhe é estranho
Porque está vazio.
As paredes do pensamento não impedem
O derramamento do mundo.
Os conceitos apodreceram,
O despojamento é o pior dos sanatórios.
O senhor Cogito ensaia a fórmula
Animula vagula blandula,
Mas nada se aplaca.
Pensar não produz claridade,
Pensa o senhor Cogito,
E a verdade não é translúcida,
Nem se quer descoberta;
Porém, as evidências, suas rivais,
Ocuparam tudo, sombrias, incompreensíveis.
Pensar rege-se agora pela sua lei marcial,
Pensa o senhor Cogito.
Anota tudo num caderno de areia,
Amanhã não saberá o que aprendeu –
Terá mudado a leitura dominante.
O senhor Cogito pensa, mas suspeita
Que já não existe.

Il signor Cogito pensa,
Ma non sta già più a casa:
Tutto gli è estraneo
Perché tutto è vuoto.
I muri del pensiero non precludono
Lo sversamento del mondo.
I concetti si sono decomposti,
La spoliazione è il peggiore dei sanatori.
Il signor Cogito sperimenta la formula
Animula vagula blandula
Ma nulla si placa.
Pensare non genera chiarezza,
Pensa il signor Cogito,
E la verità non è traslucida,
Né vuol essere scoperta;
Tuttavia, le certezze, sue rivali,
Hanno occupato tutto, cupe e incomprensibili.
Pensare si fonda adesso sulla sua legge marziale,
Pensa il signor Cogito.
Annota tutto in un quaderno di sabbia,
Domani non saprà ciò che ha imparato –
Sarà cambiata la lettura dominante.
Il signor Cogito pensa, ma sospetta
Di non esistere già più.


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Ritratto dell'imperatore Adriano
Scultura romana del II secolo d.C. (particolare)
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