Para Zbigniew Herbert


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 49 / Sommario (50) / 51 »»
________________


Para Zbigniew Herbert
A Zbigniew Herbert


O senhor Cogito pensa,
Mas já não está em casa:
Tudo lhe é estranho
Porque está vazio.
As paredes do pensamento não impedem
O derramamento do mundo.
Os conceitos apodreceram,
O despojamento é o pior dos sanatórios.
O senhor Cogito ensaia a fórmula
Animula vagula blandula,
Mas nada se aplaca.
Pensar não produz claridade,
Pensa o senhor Cogito,
E a verdade não é translúcida,
Nem se quer descoberta;
Porém, as evidências, suas rivais,
Ocuparam tudo, sombrias, incompreensíveis.
Pensar rege-se agora pela sua lei marcial,
Pensa o senhor Cogito.
Anota tudo num caderno de areia,
Amanhã não saberá o que aprendeu –
Terá mudado a leitura dominante.
O senhor Cogito pensa, mas suspeita
Que já não existe.

Il signor Cogito pensa,
Ma non sta già più a casa:
Tutto gli è estraneo
Perché tutto è vuoto.
I muri del pensiero non precludono
Lo sversamento del mondo.
I concetti si sono decomposti,
La spoliazione è il peggiore dei sanatori.
Il signor Cogito sperimenta la formula
Animula vagula blandula
Ma nulla si placa.
Pensare non genera chiarezza,
Pensa il signor Cogito,
E la verità non è traslucida,
Né vuol essere scoperta;
Tuttavia, le certezze, sue rivali,
Hanno occupato tutto, cupe e incomprensibili.
Pensare si fonda adesso sulla sua legge marziale,
Pensa il signor Cogito.
Annota tutto in un quaderno di sabbia,
Domani non saprà ciò che ha imparato –
Sarà cambiata la lettura dominante.
Il signor Cogito pensa, ma sospetta
Di non esistere già più.


________________

Ritratto dell'imperatore Adriano
Scultura romana del II secolo d.C. (particolare)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (31) José Saramago (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (482) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)