Homem comum


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Ferreira Gullar »»
 
Dentro da noite veloz (1975) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Homem comum
Uomo comune


Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.

Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o guarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons,
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bocas bafos bacias
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar.

Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.

Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum, igual
a você,
 cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.

Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.
Sono un uomo comune
di carne e memoria
d’osso e d’oblio.
Vado a piedi, in autobus, in taxi, in aereo
e la vita spira dentro di me
panica
come la fiamma di un saldatore
e può
di punto in bianco
cessare.

Sono come te
fatto di cose ricordate
e dimenticate
visi e
mani, il parasole rosso a mezzogiorno
a Pastos-Bons,
gioie defunte fiori uccellini
faro nella sera luminosa
nomi che ormai non so più
bocche brusii bacili
guantiere bandiere bananiere
tutto
mescolato
quella legna profumata
che si accende
e mi fa camminare.

Sono un uomo comune
brasiliano, adulto, sposato, riservista,
e non trovo nella vita, amico,
nessun senso, se non
lottare insieme per un mondo migliore.
Fui poeta di rapido destino.
Ma la poesia è rara e non commuove
né smuove il pau-de-arara.
Vorrei, perciò, parlare con te,
da uomo a uomo,
appoggiarmi a te
offrirti il mio braccio
che il tempo è poco
e il latifondo è lì che sta uccidendo.

Che il tempo è poco
e lì ci sono la Chase Bank,
l’IT & T, la Bond and Share,
la Wilson, la Hanna, la Anderson Clayton,
e chissà quanti altri
tentacoli di piovra a succhiarci la vita
e la borsa
Uomo comune, uguale
a te,
 attraverso l’Avenida sotto la pressione dell’imperialismo.
L’ombra del latifondo
macchia il paesaggio
intorbidisce l’acqua del mare
e l’infanzia ci risale
alla bocca, amara,
sporca di fango e di fame.

Ma siamo molti milioni di uomini
comuni
e possiamo formare una muraglia
coi nostri corpo di sogno e margherite.
________________

Cândido Portinari
Migranti (1955)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (22) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (2) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)