Teu corpo


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Teu corpo
Il tuo corpo


O teu corpo muda
independente de ti.
Não te pergunta
se deve engordar.

É um ser estranho
que tem o teu rosto
ri em teu riso
e goza com teu sexo.
Lhe dás de comer
e ele fica quieto.
Penteias-lhe os cabelos
como se fossem teus.

Num relance, achas
que apenas estás
nesse corpo.
Mas como, se nele
nasceste e sem ele
não és?
Ao que tudo indica
tu és esse corpo
— que a cada dia
mais difere de ti.

E até já tens medo
de olhar no espelho:
lento como nuvem
o rosto que eras
vai virando outro.

E a erupção
que te surge no queixo?
Vai sumir? alastrar-se
feito impingem, câncer?
Poderás detê-la
com Dermobenzol?
ou terás que chamar
o corpo de bombeiros?

Tocas o joelho:
tu és esse osso.
Olhas a mão:
tu és essa mão.
A forma sentada
de bruços na mesa
és tu.
Quem se senta és tu,
quem se move (leva
o cigarro à boca,
traga, bate a cinza)
és tu.
Mas quem morre?
Quem diz ao teu corpo — morre —
quem diz a ele — envelhece —
se não o desejas,
se queres continuar vivo e jovem
por infinitas manhãs?

Il tuo corpo cambia
indipendente da te.
Non ti chiede
se deve ingrassare.

È uno strano essere
che ha il tuo viso
ride col tuo riso
e gode col tuo sesso.
Gli dai da mangiare
e lui se ne sta quieto.
Gli pettini i capelli
come fossero i tuoi.

Insomma, tu pensi
di stare soltanto
in questo corpo.
Ma come, se in lui
sei nato e senza di lui
non esisti?
Tutto sta a indicare
che tu sei questo corpo
— che giorno dopo giorno
si fa più diverso da te.

E hai persino già paura
nel guardarti allo specchio:
come una nube, lento,
il volto che sei stato
si sta mutando in un altro.

E questa eruzione
che sta spuntando sul mento?
Se ne andrà? s’allargherà
come dermatosi o cancro?
Potrai arginarla
col Dermobenzol
o ti toccherà chiamare
il corpo dei pompieri?

Ti tocchi il ginocchio:
sei tu quell’osso.
Ti guardi la mano:
sei tu quella mano.
La forma seduta
ripiegata sul tavolo
sei tu.
Chi si siede sei tu,
chi si muove (porta
la sigaretta alla bocca,
aspira, scrolla la cenere)
sei tu.
Ma chi muore?
Chi dice al tuo corpo — muori —
Chi gli dice — invecchia —
se tu non lo desideri,
se vuoi continuare vivo e giovane
per infinite mattine?

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Egon Schiele
Autoritratto con palpebra abbassata (1910)
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