«Flor em Livro Dormida»


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«Flor em Livro Dormida»
«Fiore in un libro dormiente»


          para J.C. de Melo Neto

Fechado, espalmado num missal é que eu me vejo,
como peça de herbário dum comércio amoroso
que há um século se travou entre Dom Brotoejo
e Dona Amélia Joana Cisneiros Monterroso.

Antepassados meus? Qual quê! Antepassados nossos,
que ao santo sacrifício levavam floretas,
trocavam os missais (Deus meu! hoje são ossos...)
olhos nos olhos (...ossos nos ossos das comuns valetas?)

Mais que a letra, é o espírito que no livro procuro,
mesmo que seja só o levante da carne
duns pobres queridos que transformavam tudo
-missa, missal, flor-em mensagem e secreto alarde!

Consumidores de livros, se quiserdes salvar
vossas almas-lombadas de bárbaros prosaicos,
tereis que, furtivos, procurar, folhear
uns quantos alfarrábios e, neles, encontrar
o herbário-mensagem dos amantes heróicos!

          per J.C. de Melo Neto

Rinchiuso, schiacciato in un messale, così io mi vedo,
come frammento d’erbario d’un commercio amoroso
che un secolo fa principiò tra Dom Brotoejo
e Dona Amélia Joana Cisneiros Monterroso.

Miei antenati? Macché! Antenati nostri,
che al santo sacrificio recavan fiorellini,
scambiavano i messali (Dio mio! oggi son ossi...)
occhi negli occhi (...ossi negli ossi delle fosse comuni?)

Più che la trama, è lo spirito che io cerco nel libro,
anche se poi si tratta solo del richiamo carnale
di poveri spasimanti che trasformavano tutto
- fiore in messaggio e segreto sfoggio, messa, messale!

Consumatori di libri, se volete salvare
le vostre anime-rilegate di barbari prosaici,
dovrete, furtivamente, ricercare, sfogliare
un bel po’ d’antichi tomi e, lì trovare
l’erbario-messaggero di quegli amanti eroici!

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J. Viola C.
Natura morta con fiori secchi (1979)
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