Desterro


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Desterro
Esilio


Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados,
com a tristeza torpe dos que partiram tendo despedidas,
tão preso aos lugares
de onde o trem já me afastara estradas arrastadas,
que talvez eu não estivesse todo inteiro presente
no horror dessa viagem.
Mas a minha tristeza pesava mais do que todos os pesos,
e era por causa de mim, da minha fadiga desolada,
que a locomotiva, lá adiante, rídicula e honesta, bracejava,
puxando com esforço vagões quase vazios,
com almas cheias de distância, a penetrar no longe.
A tarde subiu do chão para a paisagem sem casas,
e o comboio seguia,
cada vez mais longe, mais fundo, a terra mais vermelha,
o esforço maior, as montanhas mais duras,
como sabem ser duros os caminhos,
pelos quais a gente vai, só pensando na volta…
Coagulada em preto,
a noite isolou as cousas dentro da tarde,
e o barulho do trem foi um rumor de soçobro
o fundo de um mar sem tona.
Nem mesmo foi a noite: foi a ausência
brusca e absurda do dia.
Tão definitiva e estranha, que eu me alegrei, esperando
o não continuar da vida,
o não-regresso da luz, o não-andar mais do trem…
Partivo triste, triste, con la sobria tristezza degli sfiduciati,
con l’abbietta tristezza di chi partiva a costo di separazioni,
così legato ai luoghi
di cui il treno già aveva lasciato indietro le umili strade,
che forse io non ero completamente conscio
dell’orrore di quel viaggio.
Ma la mia tristezza pesava più di tutti i pesi,
ed era per causa mia, della mia desolata fatica,
che la locomotiva, là avanti, ridicola e onesta, si sbracciava,
trascinando con sforzo vagoni quasi vuoti,
con anime piene di distanza, penetrando la lontananza.
La sera salì dal suolo sullo scenario senza case,
mentre il convoglio proseguiva,
sempre più lontano, più cupo, la terra più rossa,
lo sforzo più grande, le montagne più dure,
come sanno esser duri i cammini,
che la gente percorre, pensando soltanto al ritorno...
In nero coagulo,
la notte isolò le cose dentro la sera,
e il frastuono del treno divenne un rumore di naufragio,
il fondo di un mare senza superficie.
Ma non fu neanche la notte: fu l’assenza
brusca e assurda del giorno.
Così definitiva e strana, che io ne esultai, sperando
che non continuasse la vita,
che non ritornasse la luce, che non avanzasse più il treno...
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Claude Monet
Treno nella neve o La locomotiva (1875)
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