Pet shop


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Pet shop
Pet shop

Os materiais são muitos, rígidos ou precários.
Alguns bebem água.
Outros ruminam grãos de areia
ou se distraem desenhando sombras.
 
Há também esses robustos gladiadores
com peito de puro aço.
E ainda os modernos automatismos
que trazem no âmago
silenciosos cristais de silício.
 
  Mas
 
nenhum relógio diz a hora certa
porque todos mentem a circunstância.
 
Todos ocultam de ti
a hora do caos
o instante em que os cães
agitam as narinas rubras
e assoviam como gatos asmáticos.
 
Nenhum relógio
provê a graça e a franqueza
de revelar
quanto falta para o derradeiro pôr do sol.
 
*
Eles estão em toda parte. Na parede,
no bolso, no pulso e em cada uma dessas máquinas
estranhas — embora íntimas —
que arrastamos pelos corredores
como extensões de nossa própria carne.
 
*
O tempo é nosso bicho de estimação,
do qual nunca nos apartamos.
 
Ou, sejamos sinceros,
nós é que somos seus artefatos de brinquedo.
 
Soldados de chumbo?
ursos de pelúcia?
helicópteros de controle remoto?
 
Não, ele nos prefere bichos orgânicos
brinquedos com alma,
desses que se acreditam donos do próprio rumo.
 
Desses que ele,
Chronos,
expõe na vitrine de sua pet shop

I materiali sono molti, rigidi o precari.
Alcuni bevono acqua.
Altri ruminano granelli di sabbia
o si svagano disegnando ombre.
 
Ci sono anche quei robusti gladiatori
col petto di puro acciaio.
Ed ancora i moderni automatismi
che in grembo albergano
silenziosi cristalli di silicio.
 
  Ma
 
nessun orologio dice l’ora esatta
perché tutti falsano la circostanza.
 
Tutti di te tacciono
l’ora del caos
l’istante in cui i cani
agitano le rosse narici
e soffiano come gatti asmatici.
 
Nessun orologio
ha la cortesia e la franchezza
di rivelare
quanto manca al tramonto finale.
 
*
Loro stanno dappertutto. Sulla parete,
in tasca, al polso e in ciascuna di quelle macchine
strane — seppure intime —
che ci trasciniamo lungo i corridoi
come estensioni della nostra stessa carne.
 
*
Il tempo è il nostro animale da compagnia,
da cui non ci separiamo mai.
 
Oppure, siamo sinceri,
siamo noi ad essere i suoi articoli ludici.
 
Soldatini di piombo?
orsetti di peluche?
elicotteri col telecomando?
 
No, lui preferisce bestie organiche
giocattoli con l’anima,
di quelli che si credono padroni del proprio destino.
 
Di quelli che lui,
Chronos,
espone nella vetrina del suo pet shop

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Salvador Dalí
La persistenza della memoria (1931)
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