Elogios de Jorge de Lima - III


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Elogios de Jorge de Lima - III
Elogio di Jorge de Lima - III


Poema do menino com febre
 
Eu tinha uns sete anos,
e certa vez adoeci.
Meu corpo inteiro tremia
de frio e febre.
Deram comigo na escada,
debaixo de um sol morno,
a testa em fogo
e as pálpebras incendiadas.
A minha mãe me deitou.
A voz dela era distante,
vinha de muito longe,
em meio a zumbido de grilos.
No quarto, sobre o criado-mudo
havia uma garrafa d’água,
e uma maçã vermelha
em amarrotado papel azul.
Mas à noite, das paredes nuas,
brotavam sombras e sapos,
fluíam peixes, termômetros,
e um cheiro forte de cânfora.
(Uma lenta aranha tece os delírios
com patas de baba e seda.
Anjos da guarda vomitam
na pia do banheiro.)
E então, imerso no leito,
planície de lençois e limo,
eu via minha mãe entrando,
no ar, agitando as asas,
e depois indo embora.

Poesia del bambino con la febbre
 
Ero sui sette anni,
e un giorno mi ammalai.
Tutto il mio corpo tremava
di freddo e febbre.
Mi trovarono sulla scala,
sotto un tiepido sole,
la fronte in fiamme
e le palpebre brucianti.
Mia madre mi coricò.
La sua voce era distante,
veniva d’assai lontano,
in mezzo al frinire dei grilli.
Nella stanza, sopra il comodino,
c’era una brocca d’acqua
e una mela rossa
avvolta nella carta blu.
Ma di notte, dalle pareti spoglie,
spuntavano ombre e rospi,
sgorgavano pesci, termometri,
e un forte odore di canfora.
(Lento, un ragno tesse i deliri
con zampe di bava e seta.
Angeli custodi vomitano
nel lavabo del bagno.)
E allora, sprofondato nel letto,
pianura di lenzuoli e limo,
io vedevo entrare mia madre,
per aria, agitando le ali,
e poi andarsene via.


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John Bond Francisco
Bambino malato (1893)
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