Não quero que os meus filhos...


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Não quero que os meus filhos...
Non voglio che i miei figli...


Não quero que os meus filhos nasçam neste mundo
E não há outro senão este,
Que se vai estrangulando no seu próprio ritmo.
Queria que os meus filhos vissem e reconhecessem
Uma galinha, o mar, um ovo,
Uma árvore, o ar amplo
E não apenas o horror do fogo, do crude,
A violência do medo.
Oh, meus filhos, cujo ritmo está já em mim,
Que fazer para que possais respirar?
O nosso deus é um deus impuro,
Eu só posso perguntar, perguntar,
Porque todas as vidas são perguntas
E o que lhes responde é apenas a morte.
Oh, meus filhos, que pressinto já,
Como arranjar um lugar
Onde possais ser a liberdade
De uma árvore, de uma gaivota, do mar?
Não sei o que significa esta dor,
Se é um sinal maldito de tempos malditos
Se rumo para mais dor,
Porque a dor conduz sempre
A um golfo de dor maior.
Mas sei que não vos quero, meus filhos,
Num tempo em que vos chamem
Um número mais entre os malditos.
E se o que desejo para os meus filhos,
De tão simples que foi,
Se tiver tornado impossível –
Dias iguais à vida –
Então, meus filhos, ficai dentro de mim.

Non voglio che i miei figli nascano in questo mondo
E non ce n’è un altro oltre a questo,
Che si sta asfissiando al suo stesso ritmo.
Vorrei che i miei figli vedessero e riconoscessero
Una gallina, il mare, un uovo,
Un albero, l’aria aperta
E non soltanto l’orrore del fuoco, del greggio,
La violenza della paura.
Oh, figli miei, il cui ritmo già si trova in me,
Che fare affinché possiate respirare?
Il nostro dio è un dio impuro,
Io posso solo interrogare, interrogare,
Perché tutte le vite sono interrogativi
E ciò che si dà in risposta non è che la morte.
Oh, figli miei, che già m’immagino,
Come allestire un luogo
Ove possiate vivere la libertà
D’un albero, d’un gabbiano, del mare?
Non conosco il significato di questo dolore,
Se è un segno maledetto di tempi maledetti
Se è un percorso per un maggior dolore,
Poiché il dolore conduce sempre
Ad un golfo di dolore più grande.
Ma so che non vi voglio, figli miei,
In un tempo in cui non sareste che
Un numero in più tra i maledetti.
E se ciò che desidero per i miei figli,
Pur essendo tanto semplice,
Sarà diventato qualcosa d’impossibile –
Giorni uguali alla vita –
Allora, figli miei, rimanete dentro di me.

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Candido Portinari
Giochi infantili (1941)
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