Não quero que os meus filhos...


Nome :
 
Collezione :
Fonte :
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (novembre 2021) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Não quero que os meus filhos...
Non voglio che i miei figli...


Não quero que os meus filhos nasçam neste mundo
E não há outro senão este,
Que se vai estrangulando no seu próprio ritmo.
Queria que os meus filhos vissem e reconhecessem
Uma galinha, o mar, um ovo,
Uma árvore, o ar amplo
E não apenas o horror do fogo, do crude,
A violência do medo.
Oh, meus filhos, cujo ritmo está já em mim,
Que fazer para que possais respirar?
O nosso deus é um deus impuro,
Eu só posso perguntar, perguntar,
Porque todas as vidas são perguntas
E o que lhes responde é apenas a morte.
Oh, meus filhos, que pressinto já,
Como arranjar um lugar
Onde possais ser a liberdade
De uma árvore, de uma gaivota, do mar?
Não sei o que significa esta dor,
Se é um sinal maldito de tempos malditos
Se rumo para mais dor,
Porque a dor conduz sempre
A um golfo de dor maior.
Mas sei que não vos quero, meus filhos,
Num tempo em que vos chamem
Um número mais entre os malditos.
E se o que desejo para os meus filhos,
De tão simples que foi,
Se tiver tornado impossível –
Dias iguais à vida –
Então, meus filhos, ficai dentro de mim.

Non voglio che i miei figli nascano in questo mondo
E non ce n’è un altro oltre a questo,
Che si sta asfissiando al suo stesso ritmo.
Vorrei che i miei figli vedessero e riconoscessero
Una gallina, il mare, un uovo,
Un albero, l’aria aperta
E non soltanto l’orrore del fuoco, del greggio,
La violenza della paura.
Oh, figli miei, il cui ritmo già si trova in me,
Che fare affinché possiate respirare?
Il nostro dio è un dio impuro,
Io posso solo interrogare, interrogare,
Perché tutte le vite sono interrogativi
E ciò che si dà in risposta non è che la morte.
Oh, figli miei, che già m’immagino,
Come allestire un luogo
Ove possiate vivere la libertà
D’un albero, d’un gabbiano, del mare?
Non conosco il significato di questo dolore,
Se è un segno maledetto di tempi maledetti
Se è un percorso per un maggior dolore,
Poiché il dolore conduce sempre
Ad un golfo di dolore più grande.
Ma so che non vi voglio, figli miei,
In un tempo in cui non sareste che
Un numero in più tra i maledetti.
E se ciò che desidero per i miei figli,
Pur essendo tanto semplice,
Sarà diventato qualcosa d’impossibile –
Giorni uguali alla vita –
Allora, figli miei, rimanete dentro di me.

________________

Candido Portinari
Giochi infantili (1941)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (31) José Saramago (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (483) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)