Deixo-me cair...


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Deixo-me cair...
Mi lascio cadere...


Deixo-me cair. Chove.
A mágoa tenta ser demasiada,
A resignação, voz velha e sábia,
Procura confortar-me
Com todos os exemplos que vai tirando do baú.
As ilusões estouram, o coração pode menos,
Sempre um pouco menos, coberto de goteiras,
É possível que tantas impossibilidades
Acabem por vencer
E façam vingar a sua lei.
Talvez nas veias da tragédia
O sangue seja de farsa chocarreira.
Que, então, tudo se desminta, se deslace,
Que nunca tenhamos merecido
Com lágrimas fundar amor,
Que o ridículo não se apiede de nós.
Uma razão qualquer argumenta
Que um homem também se alimenta de pontapés.
Deixo-me cair, mas, então, ao principio muito longe,
Depois cada vez mais perto,
Com forças maiores e maiores,
Há uma voz que soa límpida
E que pelos caminhos distribui a abundância
Equivoca um “talvez não, talvez não”
Até que em mim há espaço
Para de pé repetir: talvez não, talvez não.

Mi lascio cadere. Piove.
Il tormento si sta spingendo all’eccesso,
La rassegnazione, vecchia e saggia voce,
Cerca di darmi conforto
Con tutti gli esempi che riesce a estrarre dal baule.
Esplodono le illusioni, il cuore ha meno vigore,
Sempre un po’ meno, coperto di goccioline,
È probabile che tante impossibilità
Finiscano per prevalere
E facciano vincere la propria legge.
Forse nelle vene della tragedia
Scorre il sangue di una farsa giullaresca.
Che, allora, tutto si sconfessi, si rimuova,
Ché non abbiamo mai meritato
Di fondare l’amore sulle lacrime,
Che il ridicolo non abbia pietà di noi.
Un poco di raziocinio dimostra
Che un uomo si alimenta anche di pedate.
Mi lascio cadere, ma, ecco, dapprima molto lontano,
Poi sempre più vicino,
Con vigore sempre più e più grande,
Vi è una voce che risuona limpida
E che lungo le strade distribuisce l’abbondanza
M’illude con un “forse no, forse no”
Fin quando c’è spazio in me
Per ripetere in piedi: forse no, forse no.

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Oswaldo Guayasamin
I disperati (1974)
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