Tivemos um casal de periquitos...


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Tivemos um casal de periquitos...
Avevamo una coppia di parrocchetti...

I

Tivemos um casal de periquitos: ele, azul; ela, de um amarelo-esverdeado. Um dia, sem sabermos como, ela fugiu da gaiola. O macho, não, e também não sabemos porquê. Passados alguns dias, demos com o seu cadáver azul.
I

Avevamo una coppia di parrocchetti: lui, azzurro; lei, d’un giallo-verdognolo. Un giorno, non sappiamo come, lei fuggì dalla gabbia. Il maschio, no, e neanche lì sappiamo il perché. Passati un po’ di giorni, ci imbattemmo nel suo cadavere azzurro.
II

As roupas estavam amontoadas em cima da cama. Ele sentou-se em frente delas e, durante três dias, tentou acordar uma pessoa que dormisse debaixo ou no meio do amontoado.
II

I vestiti erano ammucchiati sopra il letto. Egli vi si sedette davanti e, per tre giorni, cercò di risvegliare una persona che doveva dormire lì sotto o nel mezzo di quel mucchio.
Deve ter falado, prometido, amaldiçoado, terá recorrido a todas as fórmulas que conhecia do ergue-te e anda. Recusou-se a sair de casa, a ver fosse quem fosse, a atender o telefone. Esperava que a pessoa decidisse erguer-se nas roupas.
Deve aver parlato, promesso, maledetto, sarà ricorso a tutte le formule che conosceva dell’alzati e cammina. Si rifiutò di uscire di casa, per vedere non importa chi, per rispondere al telefono. Aspettava che quella persona si decidesse a spuntar fuori dai vestiti.
Quando, por fim, fomos lá buscá-lo, chorava de desespero e apontava: «Não se levanta. Eu já lhe prometi que fazia o que ela quisesse, mas ela não se levanta». «Ela» estava enterrada não havia um mês. Meu avô azul.
Quando, alla fine, andammo là a cercarlo, piangeva disperato e ripeteva: «Non si alza. Le ho già promesso di fare quel che vuole, ma lei non si alza». «Lei» era sepolta quasi da un mese. Il mio nonno, azzurro.

Yasmin Fuentes
Parrocchetto azzurro (2019)
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