Noite das baleias azuis


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Noite das baleias azuis
Notte delle balene azzurre


A noite é uma prostituta de olhos míopes
que se deita na cama conosco.
Os seios da noite exalam aromas de flores desabrochadas
nos pântanos. A noite, meretriz egípcia,
encobre o rosto de esfinge que incendeia os mortos.

A noite rumina sua pastagem de trevas
nas ladeiras e declives do Tártaro.
Hipopótamo dos pântanos da Ásia, a noite deita-se
na cama das monjas e noviças, entre as dobras
da insônia e a sensualidade dos lençóis.

A noite arrasta a placenta cravejada de estrelas
sobre esqueletos de múmias e faraós.
Amamenta as crias de cobras e lagartos,
anjos de pedra-sabão, madonas do Aleijadinho,
profetas exilados nas cavernas do Hebron,
dragões gerados nas estranhas das baleias azuis,
éguas e cavalos árabes de linhagem barroca,
ossadas de navios soterrados pelo dilúvio.

A noite é uma feiticeira
que nos ensina os rituais do Kama-Sutra
e nos introduz no purgatório dos frios candelabros.
La notte è una prostituta dagli occhi miopi
che con noi si corica nel letto.
I seni della notte esalano aromi di fiori sbocciati
nei pantani. La notte, meretrice egizia,
nasconde il volto di sfinge che eccita i morti.

La notte rumina la sua pastura di tenebre
sulle pendici e sui declivi del Tartaro.
Ippopotamo delle paludi d’Asia, la notte si corica
nel letto di monache e novizie, tra le pieghe
dell’insonnia e la sensualità delle lenzuola.

La notte trascina la placenta trapunta di stelle
sopra scheletri di mummie e faraoni.
Allatta i piccoli di serpenti e lucertole,
angeli di pietra ollare, madonne dell’Aleijadinho,
profeti esiliati nelle caverne di Hebron,
dragoni generati nelle viscere delle balene azzurre,
giumente e cavalli arabi di lignaggio barocco,
ossature di navigli sotterrati dal diluvio.

La notte è una fattucchiera
che ci insegna i rituali del Kama-Sutra
e ci introduce nel purgatorio dei freddi candelabri.
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Nikolay Mescherin
Notte gelata (1908)
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