Os avós


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Os avós
I nonni


O sol entra secretamente pela janela
E deixa impressões semióticas na parede
Luz coada por cortinas de histórias.
O avô pega em mim e senta-me
Nos joelhos da marmelada quente
Que a avó criava com mãos alquímicas.
Gatos de cheiro andam por cima dos móveis,
Cheiros como passos rangentes
No chão de mistério de corredores solenes
Guiando à antiguidade da escuridão.
O Joli ladra – chegou o Inverno
Que invade a casa, arrefecendo-lhe o silêncio.
O Black abre a porta – que gato!
O avô cuidava das laranjas,
Eu, atrás dele, enterrando secretamente a minha infância.
Depois, à noite, a avó contava-me a mim e às lâmpadas,
Porque é que não estudou alem da 4ªclasse,
E eu dormia, de rosto encostado à ternura dos avós.
(O avô fumava Definitivos e a noite não era definitiva
Iam-me murmurando os olhos de cor,
O avô, na tropa, disparando um canhão)
Il sole entra segretamente dalla finestra
E lascia tracce semiotiche sulla parete
Luce filtrata attraverso cortine di storie.
Il nonno mi prende in braccio e mi fa sedere
Sulle ginocchia davanti alla marmellata calda
Che la nonna creava con mani d’alchimista.
Gatti passeggiano sopra i mobili annusando,
Odori come passi scricchiolanti
Sul pavimento misterioso di corridoi solenni
Che attraversano l’antichità della tenebra.
Il Joli latra – è arrivato l’Inverno
Che invade la casa, raffreddando il silenzio.
Il Black apre la porta – che gatto!
Il nonno si prendeva cura delle arance,
Io, dietro di lui, in segreto sotterravo la mia infanzia.
Dopo, la notte, la nonna raccontava a me e alle lanterne,
Perché lei non aveva studiato oltre la 4ª classe,
E io dormivo, col viso appoggiato alla dolcezza dei nonni.
(Il nonno fumava Definitivos, ma la notte non era definitiva
Mi sussurravano a memoria i suoi occhi,
Il nonno, soldato, che sparava col cannone)
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Domenico Ghirlandaio
Ritratto di vecchio con nipote (1490)
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