Como um Adeus Português


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Luís Filipe Castro Mendes »»
 
Os Amantes Obscuros (1999) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Como um Adeus Português
Come un addio portoghese


Meu amor, desaparecido no sono como sonho de outro
 sonho,
meu amor, perdido na música dos versos que faço e
 recomeço,
meu amor por fim perdido.

Nenhuma lâmpada se acende na câmara escura do
 esquecimento,
onde revelo em banho de prata as imagens que guardo
 de ti,
imagens que se desfiam na memória de haver corpos,
na memória da alegria que sempre guardamos para dar
 a alguém,
tremendo de medo, tropeçando de angústia,
enternecidos,
entontecidos,
como aves canoras soltas nos vendavais.

Perdi-te no momento certo de perder-te.
Aqui estão os augúrios, além o discernimento.
O amor em surdina desfez-se no seu dizer,
entre versos pobres, um corpo cansado,
e a doença sem fim do desejo mortal.

Apagaram-se as luzes. Nunca o vento da indiferença
me abrirá as mãos.
Nunca abdicarei deste quinhão de luz, o meu amor.
E agora vejo bem como as palavras caem,
não valem,
se desfolham e são pisadas por qualquer afirmação
 da vida,
da vida que não era para nós.
Amore mio, scomparso nel sonno come sogno d’un altro
 sogno,
Amore mio, perduto nella musica dei versi che faccio e
 ricomincio,
Amore mio per sempre perduto.

Nessuna lampada s’accende nella camera oscura
 dell’oblio,
dove sviluppo in bagno d’argento le immagini che serbo
 di te,
immagini che si dipanano nella memoria d’esser stati corpi,
nella memoria della gioia che sempre serbavamo per darla
 a qualcuno,
tremando di paura, balbettando per l’angoscia,
inteneriti,
inebetiti,
come uccelli canori liberi nella tormenta.

T’ho persa nel momento giusto di perderti.
Qui ci sono i presagi, al di là il discernimento.
L’amore è sfiorito in sordina nell’atto di dirlo,
con miseri versi, un corpo esausto,
e il morbo infinito del desiderio mortale.

Si son spente le luci. Mai il vento dell’indifferenza
mi aprirà le sue mani.
Non rinuncerò mai alla mia quota di luce, amore mio.
Ed ora vedo bene come le parole cadono,
senza valore,
si sfogliano e vengono calpestate da qualunque
 affermazione della vita,
della vita che non era per noi.
________________

Amedeo Modigliani
Donna dagli occhi azzurri (1918)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (107) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (435) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (22) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)