Como um Adeus Português


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Como um Adeus Português
Come un addio portoghese


Meu amor, desaparecido no sono como sonho de outro
 sonho,
meu amor, perdido na música dos versos que faço e
 recomeço,
meu amor por fim perdido.

Nenhuma lâmpada se acende na câmara escura do
 esquecimento,
onde revelo em banho de prata as imagens que guardo
 de ti,
imagens que se desfiam na memória de haver corpos,
na memória da alegria que sempre guardamos para dar
 a alguém,
tremendo de medo, tropeçando de angústia,
enternecidos,
entontecidos,
como aves canoras soltas nos vendavais.

Perdi-te no momento certo de perder-te.
Aqui estão os augúrios, além o discernimento.
O amor em surdina desfez-se no seu dizer,
entre versos pobres, um corpo cansado,
e a doença sem fim do desejo mortal.

Apagaram-se as luzes. Nunca o vento da indiferença
me abrirá as mãos.
Nunca abdicarei deste quinhão de luz, o meu amor.
E agora vejo bem como as palavras caem,
não valem,
se desfolham e são pisadas por qualquer afirmação
 da vida,
da vida que não era para nós.
Amore mio, scomparso nel sonno come sogno d’un altro
 sogno,
Amore mio, perduto nella musica dei versi che faccio e
 ricomincio,
Amore mio per sempre perduto.

Nessuna lampada s’accende nella camera oscura
 dell’oblio,
dove sviluppo in bagno d’argento le immagini che serbo
 di te,
immagini che si dipanano nella memoria d’esser stati corpi,
nella memoria della gioia che sempre serbavamo per darla
 a qualcuno,
tremando di paura, balbettando per l’angoscia,
inteneriti,
inebetiti,
come uccelli canori liberi nella tormenta.

T’ho persa nel momento giusto di perderti.
Qui ci sono i presagi, al di là il discernimento.
L’amore è sfiorito in sordina nell’atto di dirlo,
con miseri versi, un corpo esausto,
e il morbo infinito del desiderio mortale.

Si son spente le luci. Mai il vento dell’indifferenza
mi aprirà le sue mani.
Non rinuncerò mai alla mia quota di luce, amore mio.
Ed ora vedo bene come le parole cadono,
senza valore,
si sfogliano e vengono calpestate da qualunque
 affermazione della vita,
della vita che non era per noi.
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Amedeo Modigliani
Donna dagli occhi azzurri (1918)
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