A Bela Adormecida


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A Bela Adormecida
La Bella Addormentata


Alguém dorme, respira,
Com o frio da mente a debruar-lhe o corpo
E os cegos desejos de si arredados.
Alguém a quem eu não diria palavras
que não fossem tardias e ausentes
como as da poesia.
Alguém que, como tu, me vai esquecer.

Alguém respira, o corpo contra a treva,
as palavras do esquecimento como faúlhas acesas
no coração da morte.
Dorme, silencia
- e quem irá depositar mais palavras
sobre as nossas cinzas?

Inventasse eu a noite, que ainda assim me esquecerias!
Desse-te eu todas as palavras que sobram do fim do
 mundo,
a ternura estremecida, a música mais leve –
- nada poderemos fazer. Deita-te ao meu lado.
O filme parou. As bobines giram no vazio
e só a luz fria arde sobre a tela. Amor que a nenhum
 amado
amor perdoa.
A nenhum amado.
Esta mesma noite tu me irás esquecer.
Qualcuno dorme, respira,
col freddo della mente ad adornarle il corpo
e i ciechi desideri a giacer lontani.
Qualcuno a cui io non potrei dire parole
che non fossero tardive e assenti
come quelle della poesia.
Qualcuno che, come te, mi dimenticherà.

Qualcuno respira, il corpo stretto alla tenebra,
le parole dell’oblio come scintille accese
nel cuore della morte.
Dorme, tace
- e chi verrà a depositare altre parole
sopra le nostre ceneri?

Se io inventassi la notte, tu mi scorderesti lo stesso!
Se ti donassi tutte le parole che restano prima della fine del
 mondo,
la tenerezza più fremente, la musica più lieve –
- non servirebbe a niente. Sdraiati accanto a me.
È finito il film. Le bobine girano a vuoto
e solo la luce fredda arde sulla tela. Amor che a nullo
 amato
amar perdona.
A nessun amato.
Questa stessa notte tu mi dimenticherai.
________________

Cícero Dias
Donna sulla veranda (1970)
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