Toma-me...


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Toma-me...
Prendimi...


Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo. Da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu delinqüescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.
Prendimi. La tua bocca di lino sulla mia bocca
Austera. Prendimi ADESSO, PRIMA
Prima che la carnagione si disperda in sangue, prima
Della morte, amore, della mia morte, prendimi
Trattieni la tua mano, respira il mio respiro, inghiotti
Ritmicamente la mia triste agonia.

Tempo di corpi, questo tempo. Della fame
Del di dentro. Corpi che si conoscono, a rilento,
Un sole di diamante che alimenta il ventre,
Il latte della tua carne, la mia
Fuggente.
E sopra di noi questo tempo futuro tessendo
Tessendo la grande tela. Sopra di noi la vita
La vita che si disperde. Ciclica. Scolando.

Ti scopri vivo sotto un giogo nuovo.
Ti metti in ordine. E io peccaminosa: amore, amore,
Davanti al muro, davanti alla terra, io devo
Devo gridare la mia parola, un seducente
Fianco
Nell’ardente tessitura d’una roccia. Devo gridare
Lo dico a me stessa. Ma accanto a te io mi distendo
Immensa. Di porpora. D’argento. Di dolcezza.
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Amedeo Modigliani
Nudo disteso (1919)
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