Stabat filius


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Stabat filius
Stabat filius


E era a mãe que sofria. Cruz e noite.
Fechava-se, o seu riso diluía-se.
O filho ouve na voz da mãe
O lastro escuro de uma resignação,
Sulcada por veios grossos de amargura,
Tudo afinal a apodrecer em enganos –
A mãe coragem está cansada, tem medo,
E a idade do medo é sempre menina,
E eu tento fazê-la rir,
E espero ter guardado em mim,
Depois de anos a fio com esse riso a pegar em mim,
Um riso suficientemente poderoso
Para, com uma gargalhada ex machina,
Agora a salvar. Dorme, mãe, dorme um sono pequenino.
Revoada potente e luminosa, hoste dourada
Percorrendo corredores, recantos, desvãos,
Onde costumam esconder-se todos os medos,
Desencantando as sombras dos seus terrores.
Mãe tamanhinha, de idade menina
Ingénua, empreendedora, curiosa, dinâmica, incansável,
Determinada. Não suspires, mãe, de tanto mudar
 cansada,
Pela expiração da mudança.
Ed era la madre a soffrire. Croce e notte.
Si ritirava, il suo riso si diluiva.
Il figlio udì nella voce della madre
Il sottofondo oscuro di una rassegnazione,
Solcata da grosse vene d’amarezza,
Tutto per finire col decomporsi tra gli inganni –
Madre coraggio è stanca, ha paura,
E l’età della paura è sempre bambina,
E io tento di farla ridere,
E spero d’aver serbato in me,
Dopo anni e anni di questo riso che mi contagia,
Un riso sufficientemente vigoroso
Che possa, come risata ex machina,
Adesso salvare lei. Dormi, mamma, fai un sonnellino.
Stormo potente e luminoso, esercito dorato
Che perlustra corridoi, nascondigli, recessi,
Dove usano nascondersi tutte le paure,
Disincantando le ombre dai loro terrori.
Madre piccolina, in età bambina
Ingenua, risoluta, curiosa, dinamica, instancabile,
Determinata. Non sospirare, mamma, stanca di tanti
 cambiamenti,
Per la conclusione d’ogni cambiamento.
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Arshile Gorky
L'artista e sua madre (1926)
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