Ando um pouco acima do chão...


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Ando um pouco acima do chão...
Cammino un po’ al di sopra del suolo...


Ando um pouco acima do chão
Nesse lugar onde costumam ser atingidos
Os pássaros
Um pouco acima dos pássaros
No lugar onde costumam inclinar-se
Para o voo

Tenho medo do peso morto
Porque é um ninho desfeito

Estou ligeiramente acima do que morre
Nessa encosta onde a palavra é como pão
Um pouco na palma da mão que divide
E não separo como o silêncio em meio do que escrevo

Ando ligeiro acima do que digo
E verto o sangue para dentro das palavras
Ando um pouco acima da transfusão do poema

Ando humildemente nos arredores do verbo
Passageiro num degrau invisível sobre a terra
Nesse lugar das árvores com fruto e das árvores
No meio de incêndios
Estou um pouco no interior do que arde
Apagando-me devagar e tendo sede
Porque ando acima da força a saciar quem vive
E esmago o coração para o que desce sobre mim

E bebe
Cammino un po’ al di sopra del suolo
Nel posto dove di solito vengono colpiti
Gli uccelli
Un po’ al di sopra degli uccelli
Nel posto dove di solito si piegano
Per il volo

Mi fa paura il peso morto
Perché è un nido rovinato

Sto leggermente al di sopra di ciò che muore
In questa discesa in cui la parola è come pane
Un po’ sul palmo della mano che lo divide
E non lo separo come il silenzio in mezzo al quale scrivo

Cammino leggero al di sopra di ciò che dico
E verso il sangue dentro le parole
Cammino un po’ al di sopra della trasfusione della poesia

Cammino umilmente nei dintorni del verbo
Passeggero su un gradino invisibile sopra la terra
In questo posto di alberi con frutti e di alberi
Avvolti dagli incendi
Sono un po’ all’interno di ciò che arde
Mi annullo lentamente e provo sete
Perché cammino al di sopra del potere di saziare chi vive
E calpesto il mio cuore per ciò che scende su di me

E beve.
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René Magritte
La riconoscenza infinita (1963)
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