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Retrato de artista
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Ritratto d’artista
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Que Deus lhe dê uma raiz bem funda,
para que não o balance o vento das cidades.
Que, para onde quer que vá,
corra ao seu lado o rio de sua aldeia.
Que vagueie exilado,
de cidade em cidade,
de emprego em emprego,
experimentando o gosto do provisório.
Que sua mulher despreze sua obra,
o pai morra sem sua visita
e a filha fique esquizofrênica.
Que lhe caiam os dentes
e lhe cheguem as dores, as colites, úlceras.
Que o ceguem em doze prestações.
Que você sugue dos amigos a alma,
a cultura, as histórias, o bolso
e lhes dê em troca
desprezo e indiferença.
Que colecione despejos,
os proprietários lhe virem o rosto
e os credores batam à sua porta.
Que você se tenha em alta conta,
embora seus sapatos estejam furados
e o presenteiem com roupas usadas.
Que você seja sustentado
pela filantropia de milionárias.
Que gaste em vinho o salário do irmão
e caia na calçada, sangre e precise de ajuda.
Que o atormentem a ânsia, remorsos, trovões.
Que você tenha olhos só para si.
Que mendigue a atenção dos jornais,
busque em vão por críticas e resenhas,
espere horas em saletas de editoras
e cobre elogios de quem chega.
Que de sua pele tão fina,
nasça uma carapaça anti-humana,
ovo com casca de aço,
onde baila em clara
a tenra e frágil gema.
para que não o balance o vento das cidades.
Que, para onde quer que vá,
corra ao seu lado o rio de sua aldeia.
Que vagueie exilado,
de cidade em cidade,
de emprego em emprego,
experimentando o gosto do provisório.
Que sua mulher despreze sua obra,
o pai morra sem sua visita
e a filha fique esquizofrênica.
Que lhe caiam os dentes
e lhe cheguem as dores, as colites, úlceras.
Que o ceguem em doze prestações.
Que você sugue dos amigos a alma,
a cultura, as histórias, o bolso
e lhes dê em troca
desprezo e indiferença.
Que colecione despejos,
os proprietários lhe virem o rosto
e os credores batam à sua porta.
Que você se tenha em alta conta,
embora seus sapatos estejam furados
e o presenteiem com roupas usadas.
Que você seja sustentado
pela filantropia de milionárias.
Que gaste em vinho o salário do irmão
e caia na calçada, sangre e precise de ajuda.
Que o atormentem a ânsia, remorsos, trovões.
Que você tenha olhos só para si.
Que mendigue a atenção dos jornais,
busque em vão por críticas e resenhas,
espere horas em saletas de editoras
e cobre elogios de quem chega.
Que de sua pele tão fina,
nasça uma carapaça anti-humana,
ovo com casca de aço,
onde baila em clara
a tenra e frágil gema.
Che Dio ti dia una radice tenace,
perché non ti sbilanci il vento delle città.
Che, ovunque tu vada,
ti scorra accanto il fiume del tuo paese.
Che vagabondi esule,
di città in città,
di lavoro in lavoro,
sperimentando il sapore del provvisorio.
Che la tua donna disprezzi la tua opera,
muoia tuo padre senza una tua visita
e tua figlia diventi schizofrenica.
Che ti cadano i denti
e ti colpiscano dolori, coliti, ulcere.
Che t’abbaglino in dodici rate.
Che degli amici tu assorba l’anima,
la cultura, le storie, le tasche
e dia loro in cambio
disprezzo e indifferenza.
Che tu possa collezionare sfratti,
i proprietari ti voltino la faccia
e i creditori bussino alla tua porta.
Che tu abbia un’alta considerazione di te,
anche se le tue scarpe sono rotte
e ti vengono regalati vestiti usati.
Che tu sia finanziato
da benefattrici milionarie.
Che sperperi in vino il salario del fratello
e cada per la strada, ti ferisca e ti serva aiuto.
Che ti tormentino l’ansia, i rimorsi, i tuoni.
Che tu non abbia occhi che per te.
Che elemosini l’attenzione dei giornali,
e vada inutilmente in cerca di critiche e recensioni,
aspetti per ore in salette di editori
e pretenda gli elogi di quelli che arrivano.
Che sulla tua pelle tanto delicata,
si formi un carapace disumano,
uovo con guscio d’acciaio,
nel cui albume danza
la tenera e fragile gemma.
perché non ti sbilanci il vento delle città.
Che, ovunque tu vada,
ti scorra accanto il fiume del tuo paese.
Che vagabondi esule,
di città in città,
di lavoro in lavoro,
sperimentando il sapore del provvisorio.
Che la tua donna disprezzi la tua opera,
muoia tuo padre senza una tua visita
e tua figlia diventi schizofrenica.
Che ti cadano i denti
e ti colpiscano dolori, coliti, ulcere.
Che t’abbaglino in dodici rate.
Che degli amici tu assorba l’anima,
la cultura, le storie, le tasche
e dia loro in cambio
disprezzo e indifferenza.
Che tu possa collezionare sfratti,
i proprietari ti voltino la faccia
e i creditori bussino alla tua porta.
Che tu abbia un’alta considerazione di te,
anche se le tue scarpe sono rotte
e ti vengono regalati vestiti usati.
Che tu sia finanziato
da benefattrici milionarie.
Che sperperi in vino il salario del fratello
e cada per la strada, ti ferisca e ti serva aiuto.
Che ti tormentino l’ansia, i rimorsi, i tuoni.
Che tu non abbia occhi che per te.
Che elemosini l’attenzione dei giornali,
e vada inutilmente in cerca di critiche e recensioni,
aspetti per ore in salette di editori
e pretenda gli elogi di quelli che arrivano.
Che sulla tua pelle tanto delicata,
si formi un carapace disumano,
uovo con guscio d’acciaio,
nel cui albume danza
la tenera e fragile gemma.
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Vincent van Gogh Autoritratto (1887) |
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