Que país é este?


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Que país é este?
Che paese è questo?


   1
   Uma coisa é um país,
   outra um ajuntamento.
   Uma coisa é um país,
   outra um regimento.
   Uma coisa é um país,
   outra o confinamento.

Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno “Avante”

  — e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”
e éramos maiores em tudo

  — discursando rios e pretensão.

   Uma coisa é um país,
   outra um fingimento.
   Uma coisa é um país,
   outra um monumento.
   Uma coisa é um país,

   outra o aviltamento.
Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça
em busca da especiosa raiz? ou deveria
parar de ler jornais
   e ler anais
como anal
   animal
      hiena patética
         na merda nacional?
Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo
comendo o que as traças descomem
procurando
o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão
 do paraíso
que nos impeliu a errar aqui?
Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos
nacionais, como qualquer santo barroco
           a rebuscar
   no mofo dos papiros, no bolor
   das pias batismais, no bodum das vestes reais
   a ver o que se salvou com o tempo
   e ao mesmo tempo
            – nos trai.
   1
   Una cosa è un paese,
   un’altra un affastellamento.
   Una cosa è un paese,
   un’altra un reggimento.
   Una cosa è un paese,
   un’altra il confinamento.

Ma io sapevo già date, guerre, statue
usavo il quaderno "Avanti"

  — e ho sfilato con scarpe da tennis per il dittatore.
Venivo da una "culla splendida" per un "futuro radioso"
e noi eravamo i migliori in tutto

  — si discorreva di fiumi e di rivendicazioni.

   Una cosa è un paese,
   un’altra una finzione.
   Una cosa è un paese,
   un’altra un monumento.
   Una cosa è un paese,
   un’altra l’umiliazione.

Dovrei scaraventare sulla piazza consunte carte
in cerca della fallace radice? o dovrei
smettere di leggere i giornali
   e leggere gli annali
come anale
   animale
      iena patetica
         nella merda nazionale?
O dovrei, infine, digiunare nella Torre do Tombo
mangiando ciò che le tarme defecano
alla ricerca
del Quinto Impero, del primo portolano, della corrotta visione
 del paradiso
che ci ha costretti a peregrinare qui?
Salgo, in ginocchio, le scale degli archivi
nazionali, come un qualunque santo barocco
           a raccattare
   tra la muffa dei papiri, nel rancido
   delle fonti battesimali, nel fetore delle vesti reali
   per vedere quel che s’è salvato col tempo
   e nello stesso tempo
            – ci tradisce.
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Roberto Matta
Grandes expectativas
Del ciclo: El proscrito deslumbrante (1966)
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