O morto cresce


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O morto cresce
Il morto cresce


O morto cresce estranhamente, logo que morre.
A barba brota-lhe no rosto
e as unhas se alongam.
O morto cresce em nossa mente.

Súbito, recrudesce o afeto
ampliam-se as lembranças,
dilata-se a biografia
nas conversas e jornais.

O morto, antes de morrer completamente
instala-se no nosso espanto
iludindo a própria morte.

Depois, a urgência da vida
toma conta de nossos dias
e o morto se conforma
          encolhe-se
e fica amortecido num canto da memória
até morrer de novo
dentro de nossa morte.
Il morto cresce stranamente, appena muore.
Gli spunta la barba sul viso
e le unghie s’allungano.
Il morto cresce nella nostra mente.

Repentino, s’amplia l’affetto
s’allargano i ricordi,
si dilata la biografia
nei discorsi e sui giornali.

Il morto, prima di morire completamente
s’installa nel nostro stupore
illudendo la stessa morte.

Ma poi, l’urgenza della vita
riprende possesso dei nostri giorni
e il morto s’adegua
          si contrae
e morente s’adagia in un angolo della memoria
finché muore di nuovo
dentro la nostra morte.
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Edvard Munch
Morte nella camera della malata (1893)
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