Ainda há tempo?


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Ainda há tempo?
C’è ancora tempo?


Ainda há tempo
para o último drinque
à beira do vulcão
ou então
para abrir
o que estava oculto
no sótão ou no porão
por isto é o momento
de descerrar
o indiscernível
sim do não.

Ainda há tempo
de aceitar
a pequenez
e explicar a omissão.
Ainda há tempo
para a carta não escrita
o telefonema tardio
o pedido de desculpa
na garganta enrustido
e um afago na mão.

Ainda há tempo
para entender
o silêncio acre
de Beckett
a ironia espessa
de Ionesco
e de Kafka
a sombria alegoria.

Ainda há tempo
de nos quadros
de Hopper
encarar a solidão
ainda há tempo
de contemplar
os impávidos
cavalos rosas
de Paolo Ucello
na Batalha
de São Romão.

Ainda há tempo
para ouvir
um poema de Li-Po
e três versos
de Bashô,
ainda há tempo
para lembrar Ronsard
Withman e Drummond.

Ainda há tempo
antes que derretam
a calota polar
antes que se perverta
o DNA
antes que envenenem
os rios e
o que sobrou do mar.

A escuridão
pode esperar
ou dissipar-se
quando o dia
teimosamente
amanhecer
com o oboé de Mozart
ou com a ária
na corda de Sol
de Bach.

Ainda há tempo
(gostava de pensar)

Se tempo, há receio,
é para tomar o trem
o navio o avião
ou então
ainda há tempo
para voltar do aeroporto
ou da estação
pegar o rifle
e enfrentar
a enfurecida multidão
ou simplesmente
entregar-lhe o ouro
e esperar
a hora da execuçao.
C’è ancora tempo
per l’ultimo drink
sull’orlo del vulcano
oppure
per scoprire
ciò che stava nascosto
in soffitta o in cantina
perché questo è il momento
di distinguere
l’indiscernibile
sì dal no.

C’è ancora tempo
per riconoscere
la meschinità
e ammettere la negligenza.
C’è ancora tempo
per la lettera non scritta
la telefonata tardiva
per la supplica di perdono
ritrosa nella gola
e per una carezza sulla mano.

C’è ancora tempo
per capire
l’aspro silenzio
di Beckett
la densa ironia
di Ionesco
e di Kafka
la tenebrosa allegoria.

C’è ancora tempo
per affrontare la solitudine
nei quadri
di Hopper
c’è ancora tempo
per contemplare
gli impavidi
cavalli rosa
di Paolo Uccello
nella Battaglia
di San Romano.

C’è ancora tempo
per ascoltare
una poesia di Li-Po
e tre versi
di Bashô,
c’è ancora tempo
per ricordarsi di Ronsard
Withman e Drummond.

C’è ancora tempo
prima che si sciolga
la calotta polare
prima che si modifichi
il DNA
prima che avvelenino
i fiumi e
quel che resta del mare.

L’oscurità
può attendere
o dissiparsi
fintanto che il giorno
costantemente
risorge
con l’oboe di Mozart
o con l’aria
sulla corda di sol
di Bach.

C’è ancora tempo
(mi piacerebbe pensare)

Se c’è tempo, temo,
è per prendere il treno
la nave l’aereo
oppure
c’è ancora tempo
per tornare dall’aeroporto
o dalla stazione
prendere la carabina
e affrontare
la folla infuriata
o semplicemente
consegnare l’oro
e aspettare
l’ora dell’esecuzione.
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Thomas Eakins
Suonatore d'oboe (1903)
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