O sim contra o sim (Marianne Moore, Francis Ponge)


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
João Cabral de Melo Neto »»
 
Serial (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


O sim contra o sim
(Marianne Moore, Francis Ponge)
Il sì contro il sì
(Marianne Moore, Francis Ponge)


Marianne Moore, em vez de lápis,
emprega quando escreve
instrumento cortante:
bisturi, simples canivete.
 
Ela aprendeu que o lado claro
das coisas é o anverso
e por isso as disseca:
para ler textos mais corretos.
 
Com mão direta ela as penetra,
com lápis bisturi,
e com eles compõe,
de volta, o verso cicatriz.
 
E porque é limpa a cicatriz,
econômica, reta,
mais que o cirurgião
se admira a lâmina que opera.

Francis Ponge, outro cirurgião,
adota uma outra técnica:
gira-as nos dedos, gira
ao redor das coisas que opera.
 
Apalpa-as com todos os dez
mil dedos da linguagem:
não tem bisturi reto
mas um que se ramificasse.
 
Com ele envolve tanto a coisa
que quase a enovela
e quase, a enovelando,
se perde, enovelado nela.
 
E no instante em que até parece
que já não a penetra,
ele entra sem cortar:
saltou por descuidada fresta.
Marianne Moore, invece della matita,
adopera quando scrive
uno strumento tagliente:
un bisturi, un semplice coltellino.
 
Ella ha imparato che il lato chiaro
delle cose è quello opposto
e perciò le seziona: perché
si leggano testi più corretti.
 
Con la mano destra le penetra,
con la matita-bisturi,
e con esse compone,
uscendone, il verso-cicatrice.
 
E poiché la cicatrice è pulita,
ridotta, diritta,
più che il chirurgo
si ammira la lama che opera.

Francis Ponge, altro chirurgo,
adotta un’altra tecnica:
le rigira tra le dita, gira
intorno alle cose che opera.
 
Le palpa con tutte le dieci
mila dita del linguaggio:
non ha un bisturi diritto
ma uno che si ramifica.
 
Con esso avvolge talmente la cosa
che quasi la raggomitola
e, raggomitolandola, quasi
si perde, in essa raggomitolato.
 
E nell’attimo in cui pare proprio
che non riesca a penetrarla,
egli entra senza tagliare:
saltando per un varco incustodito.
________________

Marguerite Thompson Zorach
Marianne Moore e sua madre (1925)
Jean Dubuffet
Ritratto di Francis Ponge (1947)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (105) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (14) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)