Num Monumento à Aspirina


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Num Monumento à Aspirina
Per un monumento all’Aspirina


Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda a hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia…

*
Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina.
Chiaramente: il più pratico dei soli,
il sole di una compressa di aspirina:
di facile impiego, portatile, economica,
concentrato di sole nella succinta stele.
Anzitutto perché, come sole artificiale,
che non ha limitazioni a funzionar di giorno
e che non viene espulsa di notte, ogni notte,
è un sole immune alle leggi della meteorologia,
a qualunque ora se ne abbia bisogno
si alza e viene (ed è sempre un giorno sereno):
riscalda, per asciugare la ruvidezza dell’anima,
per candeggiarla, come lini d’un mezzogiorno...

*
L’apparenza e gli effetti della lente
della compressa d’aspirina convergono:
la raffinata finitura di questo cristallo,
levigato a smeriglio e rifinito a lima,
anticipa il clima in cui sa far vivere
e la natura cartesiana del tutto in questo clima.
D’altro lato, essendo lente interna
per uso interno, posta dietro la retina,
non serve esclusivamente per l’occhio
questa lente, o compressa d’aspirina:
rifocalizza, per il corpo intero,
lo sfocato che lo circonda, e lo perfeziona.
________________

Damien Hirst
Lullaby Spring (2002)
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